Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Raphael Montes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Continua após publicidade

Uma vida de folhetins

De 'Belíssima' a 'A Favorita', as narrativas da TV moldaram o país

Por Raphael Montes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jun 2020, 14h31 - Publicado em 29 Maio 2020, 06h00

Cresci vendo telenovelas. Antes da literatura ou do cinema, essa foi a primeira narrativa a entrar na minha casa, no meu imaginário — acredito que isso aconteça com quase todo jovem de classe média ou classe baixa. Ao longo dos anos, a novela se tornou a maneira brasileira de contar, de imaginar, de viver — drama, humor, vilania e romance, tudo no mesmo prato, em doses equilibradas. Quem nunca brigou com um parente e foi acusado de fazer “drama de novela”? Quem nunca ouviu uma história que parecia “coisa de novela”?

Como estrutura dramática, ela sempre me fascinou. Um enredo de tamanho descomunal — de até 200 capítulos —, com dezenas de personagens e linhas paralelas. Cabe ao novelista escrever a trama de modo que o espectador queira vê-la um dia após o outro. É preciso avançar sempre, com ganchos e dramas de impacto. Ao mesmo tempo, é importante que o espectador que perdeu alguns capítulos também entenda tudo o que está acontecendo. Um complexo quebra-cabeças!

Depois, claro, vem o trabalho de um time de profissionais para colocar esse tipo de história de pé — o diretor, que transforma as palavras em imagens e rege os atores, com seus estilos e contribuições pessoais aos personagens, além de figurinistas, maquiadores, diretores de arte, de produção etc.

“A novela é a maior arte do Brasil e nossa narrativa mais exportada”

Como contador de histórias, sempre quis alcançar o público, dialogar com ele, levá-lo a refletir. Nenhuma narrativa faz isso com mais potência do que a telenovela, com sua força de guiar o brasileiro a mudar hábitos e ultrapassar preconceitos — por exemplo, os folhetins de Gloria Perez, com temas como clonagem, tráfico de pessoas, transexualidade, e mais recentemente Órfãos da Terra, de Duca Rachid e Thelma Guedes, sobre refugiados, e Bom Sucesso, de Rosane Svartman e Paulo Halm, que incentivou à leitura e apresentou clássicos em plena TV aberta.

Continua após a publicidade

Li que a Globoplay vai disponibilizar dezenas de novelas para streaming. Vendo a lista, me bateu vontade de rever algumas e conhecer outras que não vi por falta de tempo ou por não serem da minha época. A Favorita, de João Emanuel Carneiro, foi ao ar quando eu tinha 18 anos e ainda lembro do impacto daquela história com ressonâncias de romance russo, com dilemas morais e personagens multifacetados, embalados pelo tango da música de abertura. Muitas novelas marcaram minha adolescência, como O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa, O Beijo do Vampiro, de Antonio Calmon, Senhora do Destino, de Aguinaldo Silva, Laços de Família, de Manoel Carlos, e Chocolate com Pimenta, de Walcyr Carrasco. Outras forjaram quem eu sou, e a paixão por tramas de mistério, como as de Silvio de Abreu (A Próxima Vítima e Belíssima — com Bia Falcão reaparecendo viva e tirando poeira dos ombrinhos) e Gilberto Braga (Vale Tudo e Celebridade).

A novela é a maior arte do Brasil, mais forte que a literatura, o cinema, talvez a música. Sem dúvida, é nossa narrativa mais exportada para o mundo. Pena que seja considerada “menor” por alguns escritores ou roteiristas. Na verdade, não importa tanto. O público continua aí, torcendo, sofrendo e se apaixonando. E você? Quais novelas marcaram a sua vida?

Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.