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Lava-Jato chega aos seis anos ainda com histórias para contar

Como toda obra humana, operação nascida na República de Curitiba teve erros e acertos -- muito mais acertos

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 mar 2020, 06h02 - Publicado em 17 mar 2020, 06h02

Há seis anos, em uma manhã como essa, os carros da Polícia Federal saíram às ruas país afora para capturar um bando de doleiros que atuava no submundo do crime lavando dinheiro pesado para empresários e políticos.

Num hotel em São Luís, no Maranhão, o mais ilustre dos personagens aguardava vestido, sentado na cama, a chegada dos federais. Era Alberto Youssef, o doleiro velho conhecido da República de Curitiba.

Os lances que se seguiriam levariam os investigadores a um certo Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que acabaria preso por destruição de provas.

A dupla improvável de doleiro e ex-diretor de estatal logo começaria a chamar a atenção dos jornalistas. Registro colhidos pelos investigadores durante meses de trabalho passariam a ilustrar a crônica política nacional. O primeiro a cair nessa área seria o petista André Vargas. Muitos outros viram depois dele.

A caçada da República de Curitiba logo chegaria ao clube do bilhão, o cartel de empreiteiras que dividia contratos da Petrobras em troca de propinas ao PT, ao PP e ao PMDB. Dinheiro que financiava eleições, abastecia os bolsos de políticos corruptos e ajudava a girar a velha roda de corrupção do país.

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Em seis anos, a operação que desmontou a roubalheira petista na Petrobras teve 70 fases deflagradas, 1.343 buscas e apreensões, 130 prisões preventivas, 163 prisões temporárias, 118 denúncias, 500 pessoas acusadas, 52 sentenças, 253 condenações (165 nomes únicos) a 2.286 anos e 7 meses de pena e cerca de 4 bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos por meio de 185 acordos de colaboração.

Teve também a história dos hackers, do roubo de mensagem, das relações questionáveis entre juiz e procurador. Nada comparável aos fatos revelados, aos carregamentos de propina entregues na sede do partido, na casa do deputado, no apartamento funcional do senador, no estacionamento do Congresso, no hangar de aeroporto.

Como toda obra humana, a Lava-Jato, em seis anos, teve erros e acertos. Mas muito mais acertos.

Aos seis anos, a operação que começou a vasculhar a roubalheira na maior estatal do país, já encerrou essa parte da história. Todos os personagens foram expostos. Alguns foram condenados e presos, outros estão aí, livres, olhando pela fresta da porta se o dia do acerto de contas ainda pode chegar. Que chegue.

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