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Genoino defende nova Constituição e instituições sob ‘controle popular’

'O poder emana do povo, não emana da toga, não emana da farda ou do monopólio midiático', diz o petista, repetindo falas de Bolsonaro

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 ago 2021, 10h31 - Publicado em 3 ago 2021, 08h31

Com Lula liderando as pesquisas para 2022, quem resolveu aparecer foi o ex-presidente do PT – e condenado no mensalão — José Genoino. Convidado pelo partido a analisar a conjuntura atual do país, o petista vê um claro clima de golpe instalado sob o governo de Jair Bolsonaro.

Ironia das ironias, o petista diz ter uma solução, mas nada que passe pelo atual sistema democrático vigente no país. Para o Brasil sair da “crise”, na visão de Genoino, é preciso que o povo, na rua, construa as condições para uma nova constituinte que mude o regime vigente e crie “instituições sob o controle popular”.

A exemplo de Bolsonaro, que ameaça os poderes constituídos dizendo que “o povo é o maior poder”, Genoino também defende o controle das instituições pelo “pelo povo”. “O poder emana do povo, não emana da toga, não emana da farda ou do monopólio midiático”, diz o petista.

Para ele, o grande erro do PT foi seguir as leis do sistema atual e não ter buscado apoio popular para mudar as regras e a “ordem” vigente. Em português claro, nada diferente do que os petistas acusam Bolsonaro de tentar fazer.

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“Como diz a política, se não mudamos as estruturas do Estado, essas estruturas acabam promovendo o golpe (impeachment de Dilma). Via o Parlamento, que foi o braço executor, via tutela militar, que foi elemento chave, via monopólio da mídia e via o aval dado pelo STF ao golpe de 2016. Portanto, nós tínhamos que ter feito mudanças mais estruturais”, diz Genoino.

“A questão da funcionalidade da institucionalidade com participação popular. Nós ficamos muito preso à institucionalidade da própria regra do sistema partidário, do sistema eleitoral, e não fizemos mudança nele. Ficamos prisioneiros do monopólio midiático familiar. Como a institucionalidade no Brasil, nesse período de 1946 a 2016, foi uma institucionalidade precária e limitada, nós nos limitamos apenas a ela. Era necessário ter construído mudanças de sentido popular. Criar um convencimento da população. Fazer uma disputa por fora dessa ordem”, segue o petista.

Olhando para o futuro, o petista ainda sonha em mudar o sistema democrático no Brasil. “(Uma nova Constituinte) Será inevitável. Nós caminharemos para uma profunda mudança no regime democrático para democratizá-lo, para ter participação da sociedade, para ter instituições que realmente sejam transparentes, oxigenadas e sob o controle popular”, diz Genoino.

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Para o petista, só manifestações populares serão capazes de mudar o regime no Brasil. “O caminho é a mobilização popular, porque a institucionalidade brasileira, que já era limitada pela Constituição, ficou ainda mais limitada com o golpe de 2016, com a política incentivada pelo lavajatismo”, diz Genoino.

O mensaleiro não fala em corrupção, mas admite arrependimento sobre as alianças que o petismo fez com o PTB e outros atores durante os governos de Lula e Dilma Rousseff. “Tivemos ilusões, cometemos ingenuidade, fizemos alianças que ajudaram a nos combater, como o PTB no mensalão, como no famoso documento Ponte para o futuro, assinado pelo partido do então vice-presidente da República. Essas lições são importantes”, diz Genoino.

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O petista afirma que Bolsonaro esta acabando com as instituições e que ninguém confronta o presidente da República. “Diante de colocações graves (de Bolsonaro), não há resposta à altura… O Congresso tá capacho (de Bolsonaro)… Há uma omissão, conivência (com Bolsonaro). Ele está acabando de destruir a credibilidade das instituições e as instituições não estão reagindo à altura, lamentavelmente”, diz Genoino.

“Queremos governar o Brasil. A situação é bem mais difícil que em 2002. Temos que recompor direitos. Temos que fazer omelete e quebrar alguns ovos. A crise gera sangria. Precisa de cirurgias. Temos que fazer mudanças estruturais e estruturantes nessa ordem que produziu essa desorganização no Brasil”, diz o petista.

Para Genoino, só o impeachment pode resolver a crise atual. “O melhor cenário é tirar (Bolsonaro) do poder antes de 2022”, diz.

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