Duque acusa Dilma de atuar no petrolão: ‘Queria que eu arrecadasse’
Papel como operador de propinas ‘era de conhecimento de todos do alto nível’ no PT, diz ex-diretor da Petrobras
No depoimento que prestou à Justiça nesta semana, Renato Duque voltou a disparar contra a cúpula do PT que, segundo ele, sabia do seu papel como operador de propinas do partido na Petrobras.
Ao ser questionado sobre que petistas mantiveram contato com ele nos anos em que operou o petrolão na diretoria de Serviços da estatal, Duque citou encontros com Paulo Bernardo, com Antonio Palocci, “que me agradeceu por ajudar na campanha da Dilma”, e com a própria ex-presidente petista.
“Eu saí da Petrobras porque eu quis. A própria Dilma pediu para eu continuar na Petrobras… Ela queria que eu continuasse na Petrobras para arrecadar dinheiro para eleição de 2012”, diz Duque.
Ao citar um jantar com Rui Falcão, então presidente do PT, Duque afirma que todos “no alto nível” do PT sabiam da roubalheira operada por ele. “Eu tive um jantar com o Rui Falcão. Ele me agradecendo (por ter arrecadado para o PT). Sabia-se o papel que eu exercia para ajudar o partido. Era de conhecimento de todos do alto nível”, disse Duque.
O Radar entrou em contato com a assessoria de Dilma e aguarda retorno. Veja a fala a partir de 22:45.
ATUALIZAÇÃO, 10h55 de 28/9/2019 — A assessoria da ex-presidente Dilma enviou a seguinte nota ao Radar:
“A propósito da noticia publicada no Radar de Veja, sobre as acusações infundadas do senhor Renato Duque de que a ex-presidenta Dilma Rousseff teria pedido a ele que arrecadasse dinheiro para a campanha eleitoral de 2012, a Assessoria de Imprensa esclarece:
1. O senhor Renato Duque mente. Jamais manteve contato estreito ou próximo com Dilma Rousseff nem nunca tratou com ela ou qualquer assessor próximo dela de assuntos referentes à arrecadação de recursos para campanhas eleitorais.
2. O senhor Renato Duque terá de apresentar provas do que fala, caso contrário deveria ter sua delação premiada invalidada.
3. É curioso, mais uma vez, que se volte a fazer vazamentos sem provas para a imprensa. É estarrecedor que se dê fiança a uma acusação infundada que se refere à eleição municipal de outubro de 2012, feita por um delator que foi demitido pelo governo Dilma Rousseff, em abril de 2012.
4. O Supremo Tribunal Federal já começou a reverter condenações abusivas e sem provas.
5. A verdade também está vindo à tona graças ao The Intercept Brasil e aos outros veículos de imprensa que mostram um conluio entre agentes públicos que deveriam zelar pela Constituição Federal.
6. É impossível esconder que agiram para manipular a opinião pública, abrir caminho para o Golpe de 2016, interferindo em seguida nas eleições presidenciais de 2018, e condenando e prendendo o ex-presidente Lula.
7. A Justiça e a democracia irão prevalecer.
Assessoria de Imprensa
Dilma Rousseff”