A busca de Bolsonaro por um novo partido e o desespero dos bolsonaristas
Bolsonaristas eleitos na onda de 2018 terão dificuldades para conquistar novo mandato nas urnas, avalia integrante da cúpula do PSL
Integrante da cúpula do PSL, partido que deu abrigo a Jair Bolsonaro na eleição de 2018, o deputado Junior Bozzella não considera fácil o caminho de retorno do presidente ao partido.
Bolsonaro vem negociando com diferentes siglas sua filiação para tentar a reeleição em 2022. Aliados do presidente dizem que a escolha do novo partido é condicionada a domínio da máquina pelo clã presidencial.
É nesse ponto, segundo Bozzella, que o projeto presidencial encontra dificuldades. Não há cacique de partido relevante disposto a entregar diretórios importantes a Bolsonaro e seus aliados. A pressão sobre o presidente, no entanto, vem de parlamentares da ala ideológica do bolsonarismo, que enxergam um duro caminho para a reeleição, avalia Bozzella.
Se Bolsonaro já não tem um caminho tão tranquilo, com a entrada de Lula no jogo, a coisa é muito mais preocupante para os bolsonaristas que passaram o mandato lacrando na internet e pouco produziram. “Em 2018, Bolsonaro surfou uma onda do bem contra o mal na política. Aproveitou o vento favorável da Lava-Jato, o apoio de Sergio Moro, a agenda da corrupção e da segurança. Em 2022 ele não vai ter nada disso”, diz Bozzella.
Com uma crise econômica e sanitária sem precedentes agravada por sua conduta no primeiro mandato, Bolsonaro precisará de uma máquina partidária forte para tentar conquistar um segundo mandato. É essa necessidade, avalia o número dois do PSL, que também guia deputados bolsonaristas e outros aliados “eleitos na onda” de 2018.
“O desespero já bateu nos aliados dele no Congresso, essa turma que foi eleita numa onda que já não existe mais. O resultado pífio de algumas figuras que apoiaram parentes na eleição do ano passado mostra o que vai acontecer. Muitos não voltarão”, diz Bozzella.