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Por Paulo Cezar Caju
O papo reto do craque que joga contra o lugar-comum
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Félix, eles não sabem o que dizem

O camisa 1 da seleção do Tri foi um goleiraço. Mas a imprensa prefere colocar holofote na defesa de Banks, coisa de cinema, na cabeçada de Pelé

Por Paulo Cezar Caju Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 abr 2020, 20h23 - Publicado em 20 abr 2020, 19h19

Sabe o que eu acho mais engraçado? Eu ser chamado de nostálgico. Nessa quarentena, algumas emissoras de televisão resolveram transmitir Copas do Mundo do passado e não se falou em outra coisa. Os grupos no “Zap” estavam tinindo: “vai começar Brasil x Uruguai”, “viram a arrancada do Furacão?”, “o Pelé era demais!”. E o saudosista sou eu.

O que mais me incomodou foram as mesas-redondas atuais comentando essas partidas. Deveria ser proibido. Deixei no mudo, claro. Até porque os analistas de computadores engomadinhos seguem falando baboseiras! Não dá para tratarem o goleiro Félix com tanto menosprezo. Félix foi um goleiraço!

Falhava, claro, mas até Pelé dava suas caneladas. Vocês viram quantos chutes errados o Riva deu contra a Itália? Eu já errei dribles, dominei mal e perdi um gol feito contra a Holanda. E o Félix, como todos nós, também errava. Quem acompanhou a carreira dele inteira? Quem tem bagagem para tratá-lo com esse desrespeito?

Outro dia ouvi o Paulo Victor, ídolo tricolor, dizer que antigamente tínhamos grandes goleiros e hoje temos goleiros grandes. Hoje temos atletas, bem diferente de jogadores. Algum jornalista foi medir a grossura das coxas dos italianos, romenos e uruguaios, na Copa de 70, para compará-las com a de Gerson e Tostão, por exemplo?

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Hoje todos jogam de camisetinha colada no corpo, com um GPS instalado, para saber quantos quilômetros correram e quantas calorias foram perdidas. O que percorrer a mais longa distância será o mais elogiado pelos fisiologistas. Agora, mande baterem uma falta com precisão, lá onde a coruja dorme! Falar mal do Félix é fácil.

Já joguei com goleiros altos que nunca souberam sair do gol e baixos que tinham uma agilidade impressionante. Ubirajara Mota é um deles. O ditado diz que quanto mais alto maior é o tombo. Hoje o jogador brasileiro mais valorizado na Europa é o goleiro Alisson. Se não é o mais é um dos mais.

E isso só mostra a decadência avassaladora de nosso futebol. Talvez pela desmoralização sofrida por Barbosa, Félix, Waldir Peres e, porque não Jeferson, os treinadores resolveram investir pesado nessa posição. Esqueceram o resto.

É inadmissível falarem mal de Félix. Teve uma carreira brilhante no Fluminense e, reza a lenda, que em 1964, ainda na Portuguesa, de Ivair, o Príncipe, durante um amistoso, nos Estados Unidos, com o jogo já em 9×0 foi colocado de centroavante e fez um gol.

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É fácil dizer que Almir Pernambuquinho era brigão, era mesmo, e omitir que ele jogou muita bola. Félix foi um goleiraço. Mas a imprensa prefere colocar holofote na defesa de Banks, coisa de cinema, na cabeçada de Pelé.

Nesse mesmo jogo, contra Inglaterra, Félix salvou o Brasil. O verbo é esse mesmo, “salvou” o Brasil. Quero saber se algum jornalista preocupou-se em saber quanto Gordon Banks mede, se é mais alto que Félix ou se apenas foi mais um baixinho sortudo. Exaltamos Banks e menosprezamos Félix sem conhecer suas carreiras, seus títulos.

Félix, descanse em paz porque eles não sabem o que dizem.

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