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Psicanálise da Vida Cotidiana

Amar Amor Amar

Por Carlos Vieira
Atualizado em 8 ago 2018, 16h00 - Publicado em 8 ago 2018, 16h00

Eu amo acordar e olhar o céu infinito de Brasilia, escondendo em sua plenitude a infinitude do mar; amar a simplicidade das flores nas árvores do cerrado; amar um poema, diariamente, de Drummond, principalmente seus poemas de um dos mais antigos livros, Os 25 poemas da tristeza e da alegria; amar e tocar um solo de clarinete, de preferência usando seu registro grave como se fosse a própria voz humana; amar a chuva que molha a alma esfriando o corpo e caindo na terra seca; amar um bom texto de literatura, por exemplo, do psicanalista francês, J.B.Pontalis, quando falando de Homero em Ulisses escreve: “creio que se deposita nele todas as minhas perdas e tudo aquilo que creio ter-se perdido em mim – e que reaparece de novo em meus sonhos noturnos”; amar com paixão tudo que se faz, onde minha alma se consome profundamente dando consistência interna em meu patrimônio cultural e afetivo; amar um momento de silêncio, onde o nada faz parte do vivido e do vazio se extrai fantasias, ideias, pensamentos, versos e prosas da alegria e angústia humanas; amar o ato do diálogo com outra pessoa, momento de troca de experiências que enriquecem a vida e faz do parceiro um estar-junto em comunhão; amar o olhar afetivo e gostoso de um cão que não fala com palavras, mas que se comunica por gestos e movimentos revelando uma afetuosidade que às vezes falta no humano; um arco-íris, observando todo seu corpo degradê, caso contrário ficaria a olhar somente os extremos perdendo a completude de todas as cores; amar o rio, o banho no rio e também no mar, e lembrar como disse Heráclito, que não se banha no mesmo rio ou mar a cada vez que se adentra neles; amar a rosa, a rosa-flor, a rosa-mulher, com seus cabelos encaracolados e seu sorriso de “Beatriz” como nas fantasias de Dante; amar a vida, vida para ser vivida com intensidade e não consumida, o que a transforma no vácuo da sociedade, dita, pós-moderna, líquida, depressiva; amar sonhar, dormindo ou acordado, sempre realizando desejos e se apavorando com pesadelos absurdos, mas reflexos da minha turbulência inconsciente às vezes regida e orquestrada pelos demônios da alma; amar a dor, mesmo que incômoda, mas que proporciona elaboração de conflitos; amar o amor sempre casado com o ódio, mas um não exclui o outro, são um conjunto; lembro agora do poema de Drummond, O amor bate na aorta, ele poema: “Daqui estou vendo o amor/ irritado, desapontado,/ mas também vejo outras coisas:/ vejo corpos, vejo almas/ vejo beijos que se beijam/ ouço mãos que se conversam/ e que viajam sem mapa./ vejo muitas coisas/ que não ouso compreender…”.

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