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Passou o medo do golpe (por Helena Chagas)

Crise tem como epicentro o presidente da República

Por Helena Chagas
Atualizado em 30 jul 2020, 18h51 - Publicado em 25 jun 2020, 10h00

Se devemos alguma coisa ao Queiroz — e ao Wassef, por que não? — é ter, com sua prisão na casa de Atibaia do advogado dos Bolsonaro, mudado o patamar da crise que tem como epicentro o presidente da República. Não há como escamotear, nem inserir numa narrativa de perseguição política um novelo de investigações que começa com a prática da “rachadinha” no gabinete do ex-deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro, desenrola-se em acusações de lavagem de dinheiro e vai encontrar, lá na ponta, uma estreita relação de Jair Bolsonaro e filhos com milicianos do Rio de Janeiro. O que se investiga nesse caso, resumindo de forma crua, é bandidagem pura.

As cenas de prisão, fuga, esconderijos, execução de miliciano amigo e outros detalhes não permitem ao cidadão comum se enganar sobre o que está assistindo. Por mais que o STF se encha de inquéritos para investigar fake news, manifestações antidemocráticas, interferência na PF e outras acusações graves que passam pelo presidente e seus aliados, ou que o TSE tenha em mãos ações que podem cassar a chapa presidencial vencedora em 2018, não há disputa possível em termos de enredo policial.

O caso Queiroz nem de longe poderia ter nascido de um ato de perseguição do STF ao presidente da República numa trama para destituí-lo do cargo, como os bolsonaristas costumam dizer de ações da suprema Corte que os atingiram nos últimos tempos — ainda que sem fundamento. Alexandre de Moraes, Celso de Mello e outros apontados como algozes nada têm a ver com o fato de o ex-assessor ter ficado mais de um ano sob vigilância na casa do advogado Frederick Wassef e um belo dia ter sido preso lá.

Todo mundo vê isso. O maior impacto do ressurgimento do caso Queiroz, com toda a sua crueza, não se dá apenas junto à platéia em geral, aquela que, aos poucos, vai mostrando nas pesquisas ter cada vez menos confiança no presidente. Seu efeito mais devastador, uma semana depois da prisão do ex-assessor em Bangu 8, vem se dando dentro do bolsonarismo. Na base política do presidente, paradoxalmente mais fortalecida pelo ingresso do Centrão no governo, poucos se animam a ir para sua linha de defesa. Entre os militares, e não só os da ativa, a perplexidade é profunda.

É aí que está a grande mudança. Até mesmo os ministros militares do entorno de Bolsonaro, aqueles que diziam a seus interlocutores que o Supremo estava exagerando e que a oposição não deveria “puxar a corda”, estão mudos sobre Queiroz, Wassef, as milícias e a situação da família presidencial nisso tudo. Os comandantes da ativa, que já andavam ressabiados com colegas que consideravam estar se colando demais ao governo, fazem questão de ficar ainda mais distantes de todo esse rolo.

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Jair Bolsonaro não terá mais como pegar seus militares preferidos, colocá-los debaixo do braço e sair por aí insinuando que tem o apoio das Forças Armadas para o que der e vier, confrontando outros poderes num jogo de ameaças à democracia que assustou muita gente nos últimos tempos. Sim, Queiroz parece ter enfraquecido o presidente a ponto de mandar a assombração embora. Se já eram reduzidas as chances de Bolsonaro obter apoio militar para medidas de força contra outras instituições, agora são próximas do zero. Ninguém mais tem medo do golpe.

 

Helena Chagas é jornalista

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