O sax tenor de Camille Thurman remete aos sons de Joe Henderson e Dexter Gordon, fluído, intenso e caloroso. A voz e a habilidade de vocalização aproximam a artista às divas Ella Fitzgerald e Betty Carter. Mas o imenso talento que reúne essa jovem de 34 anos é único. Multi-instrumentista, toca ainda o clarinete, a flauta e o flautim. Como educadora, incentiva as alunas a buscarem seu espaço, dando o exemplo do que é ser mulher e ser negra no mundo do jazz.
Camille Thurman foi a primeira mulher a ter um assento fixo na prestigiosa Jazz At Lincoln Center Orchestra, em seus mais de 30 anos de existência. Antes do início da pandemia, ela alternava sua participação na orquestra dirigida pelo trompetista Winton Marsallis, com as apresentações de seu The Camille Thurman Quartet. Atualmente é uma das artistas mais atuantes na internet, dirigindo cursos e oficinas on line e, especialmente, debatendo as questões de gênero e raça.
Orientada no início de sua carreira pela baixista Mimi Jones e pela saxofonista Tia Fuller, Camille Thurman considera importante que as novas artistas também possam ter mentoras desse nível. Por isso, ela montou um programa virtual em seu canal no youtube dedicado a facilitar o acesso das jovens musicistas a algumas das mais importantes artistas do jazz contemporâneo, The Haven Hang.
“As jovens precisam saber que existem outras mulheres que fazem o que elas querem fazer, mulheres que venceram e construíram seus sonhos” explica Thurman. “Em nosso programa, essas mulheres estão acessíveis e as jovens iniciantes podem contatá-las, fazer suas perguntas e buscar sua inspiração. Procuramos mostrar que elas também podem conseguir chegar aonde elas querem”.
Camille Thurman cresceu em St. Albans, um bairro de classe média do Queens, Nova York, onde moraram alguns dos grandes músicos do jazz. John Coltrane, Count Basie, Lena Horne, Ella Fitzgerald, são alguns dessa lista. Eles são também, inspiração para Camille, que tem sua música ancorada no jazz mais tradicional. E esses eram os músicos que ela escutava em sua casa, quando estudava piano e flauta, antes de passar ao saxofone, com 15 anos de idade.
Em 2013, Camille Thurman ficou em segundo lugar no Concurso Vocal Sarah Vaughan, uma posição atrás da sensacional Jazzmeia Horn, a vencedora daquele ano. Mas sua performance chamou a atenção e lhe garantiu um contrato para a gravação de seus dois primeiros álbuns Origins e Spirit Child, lançados em 2014. Em 2017, ela gravou o álbum ao vivo Inside the Moment, com a participação do guitarrista Mark Whitfield, destaque na faixa The Night Has a Thousand Eyes.
Do seu álbum mais recente de Camille Thurman, Waiting for the Sunrise (2018), chama a atenção sua gravação, em português, do tema Tarde, de Milton Nascimento e Marcio Borges. Ainda em 2018, Thurman participa no álbum do cantor Dennis Llewellyn Day Bossa, Blues & Ballads (2018), solando seu saxofone e cantando com ele Waters of March, de Tom Jobim.
No vídeo a seguir temos Camille Thurman interpretando o sucesso de Amy Winehouse Our Day Will Come. Camille faz o vocal e sax tenor, junto com o Trio de Darrell Green, que tem Green na bateria; Anthony Wonsey, no piano; e Lonnie Plaxico, no baixo.