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Não há boa fé na América

O capitão desfralda a bandeira da “salvação do país contra a ameaça comunista”

Por GAUDÊNCIO TORQUATO
Atualizado em 30 jul 2020, 19h09 - Publicado em 16 fev 2020, 09h00

Lamento do timoneiro Simon Bolívar, há dois séculos, parece apropriado para nossos dias: “não há boa fé na América, nem entre os homens nem entre as nações. Os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento”. O cotidiano nacional que o diga.

A desconfiança grassa, a boa fé se esvai, as emboscadas se multiplicam. Matar? Coisa banal. A política é uma colcha de retalhos; partidos, fontes de negócios. Hoje, há 33 e mais um pouco serão 70. O governo vai trocando músicos de sua orquestra, convocando generais de grande expressão e mantendo seus dois pilares: o “Posto Ipiranga” pilota a economia, e tem falas desastradas, enquanto o outro comanda a Justiça e a Segurança Pública, desviando-se de enfrentamentos. Olha para o horizonte de 2022, se não subir ao STF.

Ontem, petistas semeavam o ódio com o “nós e eles”. E o maestro Luiz Inácio glorifica os tempos da “redenção nacional” sob o lema: “nunca se fez tanto na história no Brasil”. Não reconhece os desvios petistas nem a maior recessão econômica da história, fruto do lulopetismo.

Hoje, bolsonaristas cultivam o refrão invertido “eles e nós”. O capitão desfralda a bandeira da “salvação do país contra a ameaça comunista”.

Os Poderes vivem às turras. Dias Tofolli, presidente do STF, decidiu pela criação do “juiz de garantias” em 180 dias; o vice- presidente Luis Fux suspendeu a pretensão por tempo indeterminado. O governo tinha urgência na reforma administrativa. Não tem mais. Na tributária, briga de cachorro grande. No Congresso, o desfile de falas e caricaturas se estenderá até o pleito de outubro sob o hino: “é dando que se recebe”.

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A Constituição, amontoado gigantesco de detalhes, se presta a litígios e em muitos pontos não é obedecida, abrindo o espaço da impunidade e da desorganização. Vira letra morta.

As eleições deste ano prometem uma batalha renhida, com impropérios, fake news, calúnia, difamação, compra de votos (isso continuará), cooptação, distribuição de benesses. A política vira negócio. E que negócio. Aristóteles jamais imaginou que a arte de fazer o bem seria usada só para os bens de alguns. Milhões inundam cofres partidários.

A liberdade, esteio da democracia, transforma-se em baderna, com irresponsabilidade e invasão de espaços privados. Vituperar contra a imprensa torna-se prática de governantes (e também das oposições). O escopo libertário da Revolução Francesa parece fantasia. Dignidade e Cidadania só para poucos. O inimigo, que era o Estado opressor, agora é o Estado coletor. Impostos e tributos sobem a montanha. A igualdade é uma quimera.

Os cárceres são escritórios de planejamento do tráfico de armas e drogas. Balas perdidas matam sem parar. Milhares de leis são papéis rotos. A anomia ganha corpo. Os órgãos de controle e defesa social – MP, PF, AGU, entre outros – disputam poder. O desemprego fustiga quase 12 milhões de brasileiros. A Operação Lava Jato perde força. Grupos continuam a se incrustar nas administrações federal, estadual e municipal para aumentar seu poder de fogo. A corrupção acabou? Nada. Diminuiu um tiquinho.

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O lamento de Bolívar está escrito em todos os cantos. Claro, sem falar da Venezuela, onde Maduro está caindo de podre.

 

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político 

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