Meu pirão primeiro (por Tania Fusco)
Furaram fila jovens médicos recém-formados, prefeitos e outras autoridades constituídas
Furar fila da vacina é indignidade ímpar. Mas dignidade, respeito e humanidade não passam nem perto da velha turma do farinha pouca, meu pirão primeiro. Grupo que existe, é grande e, cada vez mais, exibido. Depois de JMessias, perderam a vergonha de expor-se.
Furaram fila jovens médicos recém-formados, prefeitos e outras autoridades constituídas, madamas namoradas e ou influencers, etc.
Assis Silva, Secretário de Saúde de Saúde de Pires do Rio, em Goiás, vacinou a própria esposa, que não é dos grupos prioritários dessa primeira leva de vacinação. Depois, pediu desculpas. Explicou-se: “Foi com intuito de resguardar e preservar a saúde e a vida da mulher da minha vida. Sou capaz de dar minha própria vida por ela”.
No caso, não foi bem a própria vida que ele deu. Mas sim uma das parcas 280 doses da vacina que o município recebeu. Nem pensou em levar em conta os milhões de infectados e os 200 mil mortos que são e que eram o amor da vida de alguém. Meu pirão primeiro.
Fazer o que com esses? Processo, prisão, multa? Sem dizer, já disseram: Fiz sim. E daí?
Algum de nós acha que, no meio do caos da pandemia, serão devida e exemplarmente punidos, nos tais rigores da lei? Vão receber a segunda dose?
Muita interrogação. Muita barbárie.
“Tomei por conta que quero viajar, e não para me sentir mais segura. Uma vacina que dá 50% de segurança para mim não é uma vacina. Tomei foi água”. Debochou a enfermeira Nathanna Faria Ceschim, do Espírito Santo.
Não virou jacaré, manteve o DNA da indignidade e da cara de pau, Após ser imunizada, correu para as redes sociais para desacreditar a vacina. Nathanna, que se diz bolsomínia raiz, antes, já havia exibido orgulhosamente vídeos, sem máscara, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, onde trabalha, em Vitória.
Foi denunciada pelo Ministério Público e é investigada pelo hospital. Perdeu o emprego. Mas a dose da vacina “água”, que tomou só porque quer viajar não será devolvida. Fará falta para o amor da vida de alguém, para alguém que precisa de fato viajar.
Fazer o que com essa gente horrorosa?
O bufão.
Pazuello, o ministro da Saúde, com pança, pinta e papel de bufão de ópera, agora foi exibir sua dita credencial de estrategista no caótico estado do Amazonas. O que mesmo que ele fez como ministro da Saúde, hein, hein?
Lives louvando seu chefe, o indigitado e inominável PR do Brasil, e a cloroquina. Sabia que faltaria oxigênio no Amazonas e, por desfastio, regateou a urgência da compra.
Antes, já havia empurrado com a pança a compra de vacinas. Não fosse o João Dória, governador de Sampa e adversário do chefe, adiantar-se na aquisição do imunizante da China, o Pançuelo ainda estaria traçando estratégia para lidar com o assunto pandemia.
Mais ou menos assim. Primeiro passo, arranjar um jeito de distribuir os milhares de comprimidos comprados pela desgovernança do capitão reformado para quem ele, general da ativa, bate continência e passa pano.
Segundo passo, tirar a máscara para ouvir melhor nas entrevistas diárias, onde é obrigatório estufar o peito para mentir mais alto.
Terceiro passo, correr atrás do Dória.
Deu ruim. Dória cruzou a linha de chegada primeiro.
Quarto passo?
– Não deu tempo ainda. Estratégia é coisa difícil, complicada. Não é assim, pô. Só porque tem uma pandemia global que o Ministério da Saúde tem que organizar a bagaça? Calma, meu.
Quinto passo, virar boi de piranha do chefe.
– Agora, tenho que ir pra Manaus botar a pança a tapa no olho do furacão, no meio do estrago que estrategicamente estamos fazendo? Assim não dá…
A tranca, depois da casa arrombada.
Paulo Guedes, que andava se fingindo de morto lá no Ministério da Economia, tira a cabeça da areia e expõe sua brilhante e nova descoberta: “Vacinação em massa é fator crítico para o sucesso da economia”.
Jura?
Já falou isso pro chefe? E ele, disse o quê?
Tânia Fusco é jornalista