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Hoje não é 2022 (por Mary Zaidan)

Equivocam-se aqueles que apostam no hoje a eleição do amanhã

Por Mary Zaidan
Atualizado em 18 nov 2020, 19h44 - Publicado em 15 nov 2020, 09h00

O Brasil que vai às urnas neste domingo tem cara bem diferente daquele de 2018. Após dois anos de convívio cotidiano com a desgovernança, virulência e boçalidade do presidente Jair Bolsonaro, uma pandemia que já dura quase 10 meses, empobrecimento e desencanto, os indicadores são de que o eleitor, ressabiado, se cansou de aventuras. Parece preferir partidos tradicionais e políticos com alguma experiência, e move-se mais para o centro. Mas imaginar o agora como prévia de 2022 é fantasia pura.

Só para refrescar a memória. Em 2016, últimas eleições municipais, a rixa eleitoral ainda estava concentrada no PT x PSDB. Bolsonaro não passava de um deputado inexpressivo, do baixo clero, sentado no fundão do plenário da Câmara. Conseguia holofotes apenas quando defendia torturadores ou dava vazão a sua viva veia homofóbica, amparado pela imunidade parlamentar.

Na época, o PSDB faturou a capital paulista com João Doria, no Rio a igreja Universal fez Marcelo Crivella – ex-ministro de Dilma e hoje bolsonarista desde criancinha -, e Salvador reelegeu ACM Neto (DEM). Um dos poucos outsiders foi Alexandre Kalil (PSD), em Belo Horizonte, administrador bem avaliado, cuja reeleição deverá ocorrer hoje, em primeiro turno.

Ninguém em 2016 considerava a hipótese de ter um tipo como Bolsonaro liderando o país dois anos depois. Nem mesmo a mudança de endereço e do DNA do embate, com uma direita extremista pronta para todo tipo de guerra, que fez petistas e tucanos parecerem lutadores de luvas de pelica.

Isso posto, equivocam-se aqueles que apostam no hoje a eleição do amanhã.

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À primeira vista, o perfil moderado dos líderes das pesquisas para a Prefeitura na maioria das capitais associado à derrocada anunciada de candidatos patrocinados por Bolsonaro e pelo ex Lula parecem sinais de vitória da racionalidade. Podem até vir a ser. Para tal, os “racionais” teriam de entrar no campo. Preferencialmente desprovidos de desaprovações prévias como as vistas nas articulações de Luciano Huck-Sergio Moro-Rodrigo Maia, encontros mais criticados do que elogiados por aqueles que dizem buscar soluções para combater os extremos.

O centro animou-se também com o desempenho de Joe Biden nos Estados Unidos, que, ao derrotar Donald Trump – ídolo maior de Bolsonaro e dos seus -, e com ele a direita irracional e irascível, estaria devolvendo o mundo à trilha da normalidade. Mesmo alvissareira, a tendência observada agora ainda depende de trabalho político intenso para ser consolidada.

Trump perdeu, mas o trumpismo está vivíssimo. Não só nos mais de 71 milhões de votos que obteve, mas nos milhões inoculados pelo negacionismo, que, por postura ideológica, insistem, por exemplo, em não usar máscaras enquanto a pandemia volta a explodir nos Estados Unidos. Nos que passaram a duvidar do sistema eleitoral e da própria democracia, sem que lei alguma tenha sido sequer arranhada. Ou seja, os males viralizados por Trump levarão tempos para serem sanados.

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Por aqui, enquanto os centristas se embalam no êxito dos moderados nos EUA e no possível resultado anti-extremismos das eleições de hoje, Bolsonaro tenta pular algumas casas à frente e reaglutinar a sua trupe.

A persona desbocada e escrachada que comemora a morte, chama de covardes os brasileiros que se protegem do vírus e compara jornalistas a urubus, não quer mais saber de Trump ou da derrota de seus prediletos neste domingo. Pensa apenas em si e nos filhotes, especialmente em Flávio, que de uma hora para outra pode virar réu. Babando fel, Bolsonaro partiu para agradar seus fiéis, muitos deles desiludidos com a temperatura morna, quase “maricas” do mito, que de machão virou joguete do centrão.

As urnas de hoje podem até servir como baliza para o futuro se os escolhidos derem consequência à confiança neles depositada pelo eleitor. No mais, o maior recado delas não é para 2022, mas para o próximo quadriênio. Quem entender isso pode até colher sucesso mais à frente.

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A cada um dos mais de 148 milhões de eleitores que hoje poderão escolher entre 557 mil candidatos – 19.347 a prefeito e 518.328 a vereador -, cabe a responsabilidade: tudo depende do seu voto.

 

Mary Zaidan é jornalista

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