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Governo passa ideia de estar sem norte (por João Bosco Rabello)

O governo está em busca de algum mecanismo de reanimação da economia

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 30 jul 2020, 19h06 - Publicado em 13 mar 2020, 13h00

É clássico que a vontade política, mais que a fé, remove montanhas. Pois, salvo se ela aparecer, o que não parece provável, a aprovação das reformas estruturais tendem a sucumbir ao conflito entre governo e Congresso, em ano de eleições municipais.

O otimismo que já ficara escasso no mercado piorou nas últimas 24 horas com o alarme da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o coronavírus. À noite, o Congresso agravou o pessimismo ao derrubar o veto presidencial ao pagamento dobrado do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que pode provocar um rombo de R$ 20 bilhões nas contas públicas em 2021 e comprometer o teto de gastos.

A derrubada de veto que não estava no raio de visão geral pode sinalizar uma disposição do Legislativo de atuar com independência, indiferente à retórica presidencial.

Fato é que Guedes pediu reunião de emergência com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, levando o colega da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para mostrar que a decisão afeta também o combate ao coronavírus.

A pressão que começa a surgir por aumento dos gastos públicos é o primeiro passo para contestar a política liberal do ministro Paulo Guedes, cuja liderança econômica parece bastante abalada. O governo, segundo especulações, está em busca de algum mecanismo de reanimação da economia.

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Economistas de diferentes vertentes, inclusive liberais, já clamam por maior flexibilidade no teto de gastos para destravar investimentos públicos e movimentar a economia para fazer frente ao provável cenário recessivo global.

O certo é que o curto prazo se impôs às reformas estruturais, cujo timing o governo perdeu e muitos acreditam que por omissão deliberada do presidente da República. Seria o caso da reforma administrativa, cuja demora no envio contradiz o discurso de sua importância sustentado pelo ministro da Economia.

As propostas que alteram o pacto federativo foram pouco discutidas, e tampouco o governo fez questão de acelerá-las. Ao contrário, a aposta do presidente Jair Bolsonaro em uma estratégia plebiscitária, convocando militantes às ruas contra o Congresso, realimentou o confronto e retarda o processo político.

João Bosco Rabello é jornalista – https://capitalpolitico.com/ 

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