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Entre a persistência e a teimosia (por João Bosco Rabello)

Bolsonaro tomou gosto pelo efeito eleitoral do auxílio emergencial e Guedes ficou para trás

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 18 nov 2020, 20h01 - Publicado em 28 ago 2020, 12h01

É tênue a fronteira entre a virtude da persistência e o erro da teimosia. Essa dúvida deveria frequentar o universo de reflexões do ministro da Economia, Paulo Guedes, após ter sido, mais uma vez, desautorizado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro.

Desde o advento da pandemia do coronavírus Guedes foi posto diante do desafio de interromper bruscamente a execução de uma política liberal para adotar por prazo indefinido seu oposto, ou seja, uma linha emergencial assistencialista, do que não se mostrou capaz. Tratou a pandemia, no contexto econômico, como uma “gripezinha”.

Esquivou-se de uma reforma tributária suspeita, com agendas ocultas, para nela pegar carona enxertando na sua tramitação um novo imposto, no qual enxerga a única saída para atender a pressão por mais gastos que garantam a reeleição do presidente Bolsonaro.

Enquanto aposta nessa possibilidade, alterna propostas politicamente irreais que tira de programas sociais já consolidados os recursos que lhe cobram para a ampliação do Bolsa Família – o tal Renda Brasil. Bolsonaro tomou gosto pelo efeito eleitoral do auxílio emergencial de R$ 600 e quer perenizá-lo.

Fora do novo imposto, resta furar o teto de gastos. Mas como este limita as despesas à inflação, ainda assim a conta não fecha. Como o Congresso não quer mais imposto e nem o fim do teto, Guedes pode agora estar persistindo no erro, o que o coloca no plano da teimosia. Talvez por isso tenha reagido à fala presidencial com uma platitude. “Ele é o presidente, é ele quem decide”.

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O que o presidente já decidiu é que não abrirá mão da estabilidade eleitoral que o assistencialismo na pandemia lhe proporcionou. Quer ir adiante e tirar-lhe o caráter emergencial, ainda que isso lhe custe reproduzir com Guedes o processo de fritura a que submeteu Sérgio Moro.

Custa pouco, apenas o tempo suficiente para que o chamado mercado dê Guedes por carta fora do baralho. Não só porque a corrente antagônica à austeridade fiscal no governo ganha musculatura no conflito interno, como por não ter materializado suas metas reformistas, o que as tornam peças retóricas cujo poder de sedução esgotou-se.

Se o enredo em curso agravar o desgaste de Guedes não será surpresa sua troca pelo ex-auxiliar e hoje ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, economista muito mais afinado com os propósitos de Bolsonaro do que o atual ministro da Economia. Não se trata de especulação, mas de um mero exercício de lógica que pode levar a outro nome.

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O que a história mostra é que o chamado “fogo amigo” sobre ministros da Economia (antes Fazenda) quando ganham corpo, mais cedo ou mais tarde confirmam o ditado popular da água mole em pedra dura, que tanto bate até que fura.

O que está em curso é, portanto, a troca do modelo liberal que serviu na campanha para seduzir o mercado e Guedes, por outro que busca reproduzir o ciclo desenvolvimentista da época do regime militar, refletido no Pró-Brasil, que Guedes corretamente percebeu como um golpe no seu projeto.

Acertou no diagnóstico, mas errou de pessoa. Viu no colega Rogério Marinho o Judas de seu enredo, mas este apenas traduzia a vontade presidencial.

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Jornalista há 40 anos, iniciou sua carreira no extinto Diário de Notícias (RJ), em 1974. Em 1977, transferiu-se para Brasília. Entre 1984 e 1988, foi repórter e coordenador de Política de O Globo, e, em 1989, repórter especial do Jornal do Brasil. Participou de coberturas históricas, como a eleição e morte de Tancredo Neves e a Assembleia Nacional Constituinte. De 1990 a 2013 dirigiu a sucursal de O Estado de S. Paulo, em Brasília. Recentemente, foi assessor especial de comunicação nos ministérios da Defesa e da Segurança Pública.

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