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Carta branca para a insensatez

Bolsonaro e Fernando Haddad escondem-se em aparentes incompatibilidades o muito que têm em comum.

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 20h19 - Publicado em 23 set 2018, 11h00

Donos exclusivos da virtude e da verdade, e movidos pela instransigência com os que deles discordam, os candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad escondem-se em aparentes incompatibilidades o muito que têm em comum. Mas o que poucos imaginariam é que ambos se encontrariam nos elogios à turma do impopularíssimo Michel Temer, presidente que começou a botar ordem na economia arrasada pelo PT de Lula e Dilma Rousseff.

Isso mesmo: para atrair o centro e acalmar mercados, o ex-capitão e o petista acenam com a manutenção dos quadros montados por Temer no Banco Central, BNDES e até nos ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Um dos defensores enfáticos da tese é Marcos Lisboa, presidente do Insper, estrategicamente apontado pelo PT como possível ministro da Fazenda de um eventual governo Haddad. Em sua negativa, publicada no jornal Folha de S. Paulo, ele foi contundente: “a melhor equipe para a Fazenda é essa que está aí, manteria todas as pessoas”.

Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, cargo que ocupou nos dois primeiros anos do governo Lula, sob o comando de Antonio Palocci, Lisboa foi mais longe ao dizer que gostaria de ver como ministra Ana Paula Vescovi, atual secretária-executiva do Ministério, que Temer buscou no Espírito Santo para tocar o Tesouro.

Ao jogar o moderado Lisboa no tabuleiro, o PT pretendeu dizer que não é inflexível e até admite soluções ortodoxas, na tentativa de escamotear sua verdadeira cartilha – a que o Brasil conheceu parcialmente nos últimos anos de Lula e nos desvastadores anos de Dilma. Em suma, joguete, mentirinha. Gesto para, mais uma vez, iludir o eleitor.

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Na outra ponta, Jair Bolsonaro também já afirmou que manteria o atual presidente do Banco Central. Engasgou para pronunciar o nome de Ilan Goldfajn, mas teceu elogios ao homem de Temer. E terá de repetir coisas do gênero à exaustão para fazer frente às derrapadas de seu Posto Ipiranga, que confessou a ideia de ressuscitar a CPMF, embutida em um imposto único, caso o deputado chegue ao Planalto.

Bolsonaro enfiou-se em uma enrascada. Integralmente entregue a Paulo Guedes – economista não tão santo, que deve dinheiro e explicações ao BNDES -, o candidato do PSL se viu obrigado a desautorizar o seu guru. Resta saber como um ignorante confesso em economia poderá fazer frente às ideias de seu mentor e o que ele pretende colocar no lugar da CPMF projetada por Guedes.

Assim como o PT de Haddad, Bolsonaro está convencido de que campanha não costuma cobrar lastro. Acredita, portanto, que suas declarações genéricas contra aumento de impostos, escritas no Twitter, são suficientes para resolver a pendenga.

Mas nada indica que o mestre Guedes tenha plano B para substituir o famigerado imposto sobre transações financeiras. Se tivesse não teria corrido dos debates pré-agendados, o último deles, na sexta-feira, na sede da Câmara Americana de Comércio (Amcham), cancelado, por telefone, uma hora antes do evento.

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Candidatos dos extremos, Bolsonaro e Haddad – que jogou no lixo sua persona para se tornar marionete de Lula -, pretendem chegar lá dizendo que farão o que nem de longe pensam em fazer, contexto em que se encaixa a alusão à equipe econômica de Temer, respeitada dentro e fora do país. De resto, apostam na emoção. Usam e abusam dela sem qualquer compromisso com o dia seguinte.

Números, contas, ajustes não têm apelo, não dão votos. Postulantes que os usam são taxados de professorais, fastidiosos, monótonos, e governos que com eles se preocupam são, não raro, impopulares. Mas é com os números que o futuro presidente terá de se ver.

O voto pode até ser do coração, mas relegar a razão é dar carta branca para a insensatez, para um país pior.

Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan 

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