É fato que Bruno Covas (PSDB) obteve no primeiro turno da eleição para prefeito uma vitória “que nem o malufismo ou o petismo em seus momentos de maior força política conseguiram nos últimos 24 anos”, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Ficou em primeiro lugar em todas as 58 zonas eleitorais da cidade.
Mas com escassos segundos de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, sem dispor da maioria dos recursos disponíveis para seus adversários mais fortes, Guilherme Boulos (PSOL) chegou em segundo lugar em 56 das 58 zonas eleitorais.
Seus melhores resultados foram colhidos nas áreas nobres da cidade. Conquistou a classe média progressista e os setores de maior renda e instrução. O PSOL triplicou a quantidade de vereadores, passando de dois para seis.
Acima de tudo, Boulos virou a maior referência para o país do que está sendo chamada de “a jovem esquerda” – uma geração de moços que advém dos movimentos sociais que tanto ajudaram no passado o PT a consolidar-se como grande partido.
Uma vez no poder durante quase 14 anos, o PT distanciou-se dos movimentos sociais, adquiriu os vícios da velha política que antes abominava, e o resto é uma triste história conhecida. O PSOL nasceu de uma costela do PT e tenta diferenciar-se dele.
Em São Paulo, pelo menos, o estúpido erro cometido pelo PT foi o de lançar um candidato a prefeito na contramão de para onde os ventos sopravam. Uma vez que carecia de nome mais popular, por que não apostou suas fichas em Boulos?
Talvez para Boulos tenha sido melhor assim. A companhia do PT poderia ter-lhe feito mal. No segundo turno, não. O PT rendeu-se a ele, e não ele ao PT. De resto, eleitor de partido algum espera a palavra de caciques para decidir seu voto.
Covas é favorito para vencer no próximo dia 19. Mas, a essa altura, enfrentar Russomanno ou Márcio França seria mais fácil do que bater-se com Boulos que nada tem a perder. Qualquer que seja o resultado, Boulos já é a nova estrela da esquerda.