Pobre Paulo Guedes, ministro da Economia. Além de não fazer as reformas que prometeu, com frequência tem de sair correndo para defender o emprego de membros de sua equipe. E tudo porque quis acreditar que o presidente Jair Bolsonaro era um liberal ou que pelo menos o deixaria trabalhar em paz.
André Brandão, dono de uma longa e bem-sucedida carreira na iniciativa privada, foi dormir ontem sem saber se acordaria hoje ainda como presidente do Banco do Brasil. Ele foi chamado por Guedes para pôr o banco em linha com o esforço dos demais bancos de atualizarem suas práticas.
Nos quatro meses em que tenta fazer o dever de casa, Brandão já trombou duas vezes com Bolsonaro. A primeira por ter trocado nomes do comando do banco. Agora, por ter anunciado o fechamento de agências, postos de atendimento e um plano de demissão voluntária para 5 mil funcionários.
Nos dois casos, políticos que apoiam o governo foram reclamar a Bolsonaro que cada vez mais depende deles para driblar o risco de ter seu mandato abreviado. No primeiro caso, Bolsonaro ameaçou degolar Brandão que acabou salvo por Guedes. No segundo, voltou a ameaçar e ainda não desistiu de fazê-lo.
A adesão de Bolsonaro ao receituário liberal de Guedes é igual a zero. Sua adesão às mais avançadas fórmulas de administração de um governo também é igual a zero. Cobra-se de Guedes o que costuma emperrar em Bolsonaro. E de Bolsonaro o que ele não pode dar porque caiu de paraquedas na presidência.
É um presidente por acaso.