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A Lava Jato e a intervenção no Rio

Com a estrepitosa operação que desviará o foco das atenções para a ação do Exército no combate à violência, pode vir a pá de cal no que resta da Lava Jato.

Por Helena Chagas
Atualizado em 22 fev 2018, 14h00 - Publicado em 22 fev 2018, 14h00

Quem não anda nada satisfeita com a intervenção federal na segurança do Rio, e com medidas complementares como a criação de um Ministério da Segurança, é a turma da Lava Jato. Investigadores da força tarefa, procuradores e até integrantes do Judiciário andam desconfiados de que, junto com a estrepitosa operação que desviará o foco das atenções para a ação do Exército no combate à violência, pode vir a pá de cal no que resta da Lava Jato.

O procurador de Curitiba Carlos Fernando dos Santos Lima já alertou outro dia em artigo na Folha: “é uma aposta errada e fracassada em seu nascedouro pretender como única política pública a criação de um inimigo comum para unir a população – neste caso, a criminalidade organizada – esquecendo-se a própria e entranhada corrupção na política, uma criminalidade ainda mais organizada”.

Seu colega Deltan Dallagnol criticou, no twitter, o recurso ao mandado coletivo de busca e apreensão, afirmando que, antes de nas favelas, as autoridades poderiam executá-los no Congresso.

Nos bastidores, o tom de outros investigadores é ainda mais irritado. Afirmam que, além de usar a intervenção para fugir do fracasso da Previdência e tentar turbinar sua popularidade, Temer quer dar um salto triplo carpado para passar da posição de investigado a candidato à reeleição. Estaria batalhando agora pelo papel de mocinho, que luta contra os bandidos do crime organizado.

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E aí entra a preocupação com a nova pasta extraordinária da Segurança, que – sabe-se lá por quê – vai esvaziar o Ministério da Justiça e, de forma inédita, mudar o lugar da Polícia Federal no organograma oficial. Por si só, isso já terá peso simbólico negativo.

A atribuição da PF de ajudar no enfrentamento à violência em intervenções federais como a do Rio não é, em tese, incompatível com as investigações de políticos acusados de corrupção e submetidos a inquéritos que tramitam no STF. Só que pode acabar sendo. Dividirá o foco, as atenções da mídia, o pessoal e os recursos. Mais ainda, fornecerá boa desculpa para atrasos no andamento de outras investigações, sobretudo se elas já não estiverem mais nas manchetes e nos telejornais.

Na berlinda desde o puxão de orelhas que recebeu do ministro Luís Roberto Barroso no episódio em que acabou indicando, em entrevista, um possível arquivamento do inquérito contra Temer, o diretor-geral Fernando Segovia sai dos holofotes. Ficará subordinado a um novo personagem, o ministro da Segurança – que não tem o combate à corrupção entre suas atribuições principais – e com mais liberdade de movimentos.

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No “modo intervenção”, o novo chip que os profissionais do MDB conseguiram inserir na aparelhagem política, vai ficar mais fácil, também, produzir alterações na legislação – e quem viu a rapidez com que o Congresso votou o decreto da intervenção sabe disso. Estatuto do Desarmamento, Lei Penal e sabe-se lá mais o que entram na pauta.

Aí mora outro perigo. Ao endurecer a legislação contra o crime organizado, o tráfico e o contrabando, que estão na raiz da crise da segurança, nada impede que deputados e senadores façam outras mudanças. Crimes de corrupção e colarinho branco podem passar ao segundo plano e voltar a ter tratamento legal mais benevolente, graças a “contrabandos” incluídos na calada da noite.

Todo mundo sabe o que acontece quando os holofotes se apagam num lugar e se acendem em outro.

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