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Por Vilma Gryzinski
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Terra sem lei: a cidade americana que compete com o Brasil

Chicago teve um fim de semana de violência infernal, mas ninguém está chorando ou fazendo protestos pela morte de menino de três anos

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 23 jun 2020, 08h50 - Publicado em 23 jun 2020, 08h37

Foi um infeliz dia dos pais em Chicago: cem pessoas baleadas, das quais catorze morreram, incluindo um menininho de três anos.

Até pelos padrões brasileiros, o banditismo e a violência majoritariamente causada por brigas entre gangues, impressiona.

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São Paulo teve 6,56 homicídios por 100 mil habitantes em 2019. Chicago, segundo a última rodada, teve 15,65.

A cidade rica, cheia de ícones da arquitetura, orgulhosa do estoicismo diante frio turbinado pelas ventanias, é quase o oposto da decadência e do crime que grassam na parte pobre, onde negros matam negros continuamente.

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Nem sequer a nova prefeita, Lori Ligthfoot, aquela que mandou uma mensagem grosseira a Donald Trump – “Começa com F e acaba com E” – quando explodiram os protestos pela morte de George Floyd, cogita o corte de verbas ou a dissolução da polícia, uma das bandeiras do Black Lives Matter.

Argumento: o corte de cargos implícito pelo “desfinanciamento” atingiria os policiais mais jovens que são negros ou de outras minorias (“Marrons”, dizem os americanos).

Apesar do radicalismo da boca para fora – “O Departamento de Polícia tem uma disfunção cultural profunda” -, a prefeita imagina uma solução ideal: um Plano Marshall para “inundar nossos centros urbanos com os recursos que precisamos para conectar as pessoas com a esperança de uma vida melhor”.

Se nem Barack Obama, o presidente durante oito anos que fez sua criação política em Chicago, conseguiu – não que tenha se esforçado -, dificilmente outros conseguirão.

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Os políticos republicanos gostam de apontar as cidades disfuncionais – para usar um adjetivo da prefeita – governadas há décadas por democratas como exemplos de fracasso.

E não tem cidade mais disfuncional do que Chicago.

Até os bandidos são desarticulados e se consomem em brigas por território ou vinganças infindáveis, motivos do alto índice de homicídios, incluindo crianças, atingidas quando estão com os pais comprometidos ou até pela maldição das balas perdidas.

Em março passado, quando a pandemia já disparava, houve mais tiroteios do que durante todo o ano de 2019.

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Por que negros e brancos influentes não se unem, como aconteceu nos intensos protestos contra a violência policial, para tirar a terceira maior cidade americana?

Basta mencionar o caso de Chicago para ser praticamente tachado de racista, como se o fato de que são negros matando negros fosse ofensivo em si mesmo.

Até a ausência de policiamento – como sonham os novos radicais – contribui para que as brigas entre gangues não sejam contidas. 

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Dos 208 tiroteios que aconteceram nos oito primeiros meses de 2019, só houve prisões em oito desses casos.

A polícia nem registra os tiroteios sem vítimas fatais.

O feriadão do fim de semana emendado pelo dia dos mortos em guerra, em 25 de maio, foi o mais violento da história de Chicago: 18 mortos e 45 feridos em apenas 24 horas.

“A polícia de Chicago foi desviada para as manifestações e deixou a cidade aberta para os criminosos”, disse o ex-deputado Newt Gringich, um expoente do conservadorismo.

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“Desfinanciar a polícia é uma palavra de ordem com implicações suicidas adotada por pessoas que não têm conexão com a realidade”.

Realidade: democratas e republicanos, criticados e críticos, nada fazem, ou conseguem fazer, para tirar Chicago do ciclo da violência.

Como disse a prefeita, “conectar as pessoas com a esperança de uma vida melhor” exige romper a cultura de gangues, dar a meninos e meninas a perspectiva de que estudar e trabalhar são mais vantajosos do que ficar na rua, usar drogas, começar a praticar pequenos furtos e daí o caminho não tem mais volta.

Guardadas as proporções, vale para Chicago e outras cidades americanas, vale para o Brasil.

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