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Para especialistas, Mo Yan representa via do meio chinesa

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Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 ago 2018, 17h59 - Publicado em 19 out 2012, 10h14

Quando o chinês Mo Yan foi anunciado pela Academia Sueca como o vencedor do Nobel de Literatura de 2012, no último dia 11, seu nome veio acompanhado de adjetivos como “subversivo”, colados a ele pela própria instituição de Estocolmo. Mas a reação exaltada de dissidentes como o artista plástico Ai Weiwei e o poeta Liao Yiwu, autor de um poema que é considerado uma antecipação do massacre da Praça da Paz Celestial, de 1989, nublou a figura do escritor. Um dos chineses mais traduzidos hoje, Mo Yan foi apontado por opositores mais ferrenhos ao comunismo como um autor oficial. Um pelego.

Como Yan é desconhecido no Brasil, onde seus livros chegam apenas em traduções para o inglês e para o francês importadas por livrarias como a Saraiva e a Cultura, VEJA Meus Livros procurou especialistas fora do país que pudessem explicar qual é de fato a sua posição, como funciona o jogo político no mercado literário chinês e como opera a censura no país de Mao.

De modo geral, a opinião de Michel Hockx, professor de chinês na Universidade de Londres, e Eric Abrahamsen, tradutor americano com base em Pequim, é de que Mo Yan representa uma via do meio. Não é um crítico feroz do regime comunista, mas não se furta a fazer comentários políticos em suas obras. Não deixa de manter boas relações dentro da esfera oficial, mas isso não impediu que alguns títulos seus fossem tirados de circulação, como foi o caso de Big Breasts and Wide Hips, de forte teor sexual. “É possível ficar no meio, se você for prático e fizer o jogo do governo, dizendo algumas coisas para agradá-lo, sem se submeter totalmente. Acho que é o caso de Mo Yan. Ele é um escritor que tem declarações políticas a fazer, mas não pega pesado a ponto de atrair para si a fúria oficial”, afirma Abrahamsen.

Confira abaixo a entrevista de Michel Hockx e Eric Abrahamsen.
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michel-hockxO inglês Michel Hockx

Na biografia disponibilizada no site do Prêmio Nobel, a Academia Sueca diz que o livro The Garlic Ballads (Tiantang Suantai Zhi Ge, 1988), de Mo Yan, e o satírico The Republic of Wine (Jiuguo, 1992) foram considerados “subversivos” por suas “críticas à sociedade chinesa contemporânea”. E, falando ao jornal The New York Times, o secretário permanente da academia, disse que Yan é “muito crítico em relação à história da China e ao país hoje”. Na sua opinião, o Nobel foi uma decisão política?
Michel Hockx: Não. Mo Yan é provavelmente o escritor chinês vivo mais traduzido em todo o mundo. O seu trabalho tem sido vertido para o inglês há quase duas décadas, e tem recebido muita atenção de críticos e especialistas desde os anos 1980. Autores que venceram o Nobel antes dele, como o japonês Kenzaburo Oe, vinham pedindo repetidamente que ele fosse agraciado com o prêmio. Ele é muito bem conceituado na literatura mundial.
Eric Abrahamsen: Eu realmente não tenho ideia do que a Academia Sueca pretendia, mas me parece impossível que a política não tenha sido levada em consideração.
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Para dissidentes como o artista plástico Ai Weiwei, as críticas feitas por Mo Yan não são suficientes. Weiwei disse que Yan foi uma má escolha da Academia Sueca. Mas ele também admitiu não ter lido seus livros. Na sua opinião, Weiwei está certo?
Michel Hockx: Ai Weiwei já se retratou pelo que disse. Seus comentários foram digiridos a Mo Yan como indivíduo, não contra o seu trabalho. Eu respeito a posição de Weiwei, mas não concordo com ela. Eu acho que um escritor deve ser julgado em primeiro lugar pelo seu trabalho e não por sua posição política.
Eric Abrahamsen: Eu costumo gostar do que Ai Weiwei diz e faz, mas neste caso acho que ele estava apenas tentando atrair atenção para si mesmo.
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Outro dissidente, o poeta Liao Yiwu, declarou que o problema de Mo Yan é “moral”. Que ele não deveria ser tão próximo do Partido Comunista. É possível, na China de hoje, estar numa espécie de via do meio? Ou é tudo preto no branco?

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