Vídeo mostra MST destruindo torres de energia no RS?
Imagens mostram, na verdade, invasão de ribeirinhos a uma fazenda na Bahia. Depredação foi protesto por prejuízos causados por sistema de irrigação
Circula desde o último domingo nas redes sociais e no WhatsApp mais um boato em forma de vídeo. As imagens mostram linhas de transmissão de energia sendo derrubadas por pessoas que, conforme a legenda do vídeo, são integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “O MST já está destruindo as torres de energia no Rio Grande do Sul para que os grandes agricultores não produzam alimentos, para irem a falência e o governo tomar suas terras”.
Assista abaixo:
Ao contrário do que alardeia a legenda, as imagens não foram registradas no Rio Grande do Sul e não mostram membros do MST derrubando linhas de transmissão de “grandes agricultores”.
O vídeo foi feito na cidade de Correntina, no oeste da Bahia, no último dia 2 de novembro, e mostra a invasão de pequenos agricultores da região do Rio Arrojado à fazenda Rio Claro, propriedade da Lavoura e Pecuária Igarashi Ltda., produtora de batata, cenoura, feijão, tomate, alho e cebola.
A depredação das linhas de transmissão de energia e de outras benfeitorias da fazenda, no entanto, não teve relação com a questão fundiária, bandeira das invasões dos sem-terra. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, a queixa dos ribeirinhos é a de que o sistema de irrigação da fazenda diminui o nível do Rio Arrojado, dificulta a captação da água e causa prejuízos às suas lavouras.
O delegado Marcelo Calçado, titular da Delegacia Territorial de Correntina, instaurou um inquérito para identificar os invasores e já ouviu cinco pessoas na investigação.
“Segundo o delegado, que já ouviu pessoas que trabalham na Igarashi, a empresa está legalizada e possui as licenças necessárias para captar a água do rio. Disse também que as pessoas que invadiram a propriedade são ligadas a pequenas associações existentes nos povoados ao longo do Arrojado, criadas para ordenar uso e cultivo de pastagens na região”, diz nota do governo baiano, que não faz qualquer menção ao MST.
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