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Por Coluna
A verdade por trás de manchetes falsas que se espalham pela internet. Editado por João Pedroso de Campos.
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Marido de Marina Silva não extraiu madeira ilegalmente em 2003

Boato que voltou a circular nas redes sociais parte de discurso equivocado de deputado federal em maio de 2011

Por Da Redação
Atualizado em 28 ago 2018, 19h24 - Publicado em 28 ago 2018, 19h23

É falsa a publicação, disseminada pelas redes sociais, que sugere que o marido de Marina Silva, candidata à Presidência da República pela Rede, estaria envolvido em um caso de desmatamento e não teria sido punido por sua ligação com Marina, ministra do Meio Ambiente à época dos supostos fatos. A imagem compartilhada na internet ainda compara o suposto caso do marido da presidenciável com o de um homem punido por raspar a casca de uma árvore. Esse boato já circulou durante a campanha de 2014.

A montagem propagada nas redes destaca a imagem de um homem idoso e de uma árvore raspada com a frase: “Crime ambiental, foi preso porque raspou a casca de uma árvore para fazer remédio para a esposa doente”. Logo abaixo, está destacada a imagem de Marina e de seu marido, Fábio Vaz de Lima, e, ao lado deles, uma imagem aérea de uma madeireira. Acima das fotos, a frase: “Cortou 6 mil árvores ilegalmente da floresta, ficou solto porque é marido da ministra do Meio Ambiente” (sic). A prisão de um homem por raspar árvore realmente ocorreu (leia mais abaixo), mas as informações sobre o marido de Marina Silva são falsas.

O caso remonta a uma discussão que ocorreu em maio de 2011, em sessão do Senado que discutia o Código Florestal. Durante um debate, o então deputado pelo PCdoB Aldo Rebelo se irritou com uma provocação feita por Marina Silva no Twitter, que criticava a apresentação de um texto com “novas pegadinhas, minutos antes da votação”. Rebelo foi à tribuna e rebateu Marina, lançando a acusação de que seu marido havia fraudado “contrabando de madeira”.

No dia seguinte, ela convocou uma coletiva de imprensa para tratar das acusações, classificadas de “levianas e infundadas”. O então deputado também se manifestou, dizendo ter feito as declarações de cabeça quente e afirmando que ligaria para se desculpar.

Aldo Rebelo fez referência a uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2004. O órgão investigou a doação de quase 6.000 toras de madeira clandestina apreendidas na Amazônia para a ONG Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional), por um convênio via Ibama. Em 2003, a Fase recebeu 5.731 toras de mogno. A investigação se deu por divergências entre o valor real da madeira e o valor atribuído.

O caso ocorreu durante a gestão de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente – ela ocupou o cargo entre 2003 e 2008, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e enquanto ainda era filiada ao PT. A ligação de Fábio Vaz de Lima com o caso é que ele havia sido um dos fundadores do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), grupo ao qual a ONG Fase era ligado. Em uma nota oficial de Marina, ainda em 2011, ela explicava que o marido havia trabalhado no GTA entre 1996 e 1999, quando deixou o grupo para trabalhar no governo estadual do Acre, durante a gestão de Jorge Viana (PT), entre 1999 e 2007.

Ainda em 2011, Marina pediu ao Ministério Público Federal (MPF) para investigar as acusações contra Lima. O MPF não encontrou elementos sobre a denúncia e arquivou o processo. O então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, assina a conclusão do procedimento administrativo, divulgada em 23 de julho de 2013. “Quanto às acusações feitas contra Fábio Vaz de Lima, não há um único elemento que confira foros de verossimilhança aos fatos noticiados pela imprensa. Como disse a representante, à data em que assumiu o Ministério do Meio Ambiente o seu marido já não mantinha vínculos com as entidades que integram o Grupo de Trabalho Amazônico – GTA, não havendo a indicação de um fato concreto que o vincule à FASE na época em que foi feita a doação do mogno”, escreveu Gurgel.

E o lavrador preso por raspar uma árvore?

Parte do conteúdo da publicação falsa realmente conta uma história verdadeira: um homem foi preso por raspar a casca de uma árvore para fazer um remédio para a esposa. O projeto Comprova, criado para combater notícias falsas na eleição presidencial, não encontrou registros que comprovem a autenticidade das imagens usadas na montagem, no entanto.

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Josias Francisco dos Anjos, 55, foi preso por raspar uma árvore em 2000. Ele usaria o material para fazer chá a sua mulher, que sofria da doença de Chagas. O fato ocorreu em 19 de junho de 2000 e o lavrador foi preso em flagrante enquanto retirava lascas de almesca, em área de preservação ambiental em Planaltina (a 44 km de Brasília).

Segundo a reportagem do jornal Folha de S. Paulo, de 23 de junho de 2000, Anjos disse que passou a fazer isso quando soube que o chá de almesca melhorava as condições de pessoas portadoras da doença. A prisão não durou uma semana, pois o juiz da Vara Criminal de Planaltina (DF) Ademar Silva de Vasconcelos concedeu liberdade provisória ao lavrador, que saiu da prisão em 23 de junho daquele ano.

(Projeto Comprova/Reprodução)

A checagem de fatos publicada acima foi feita dentro do projeto Comprova, lançado para combater notícias falsas nas eleições, e envolveu jornalistas de SBT, Gazeta do Povo e Jornal do Commercio. Até o momento, VEJA e outros sete veículos que integram a iniciativa concordaram com o processo e a conclusão da apuração: UOL, piauí, Poder360, Correio do Povo, Gazeta Online, Nexo e Folha de S. Paulo. O Comprova é composto por 24 veículos de comunicação brasileiros. 

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O leitor pode sugerir ao projeto boatos e notícias falsas a serem desmentidos, por meio do WhatsApp, no número (11) 97795-0022. O Me Engana que Eu Posto também recebe sugestões pelo aplicativo de mensagens, no número (11) 9 9967-9374.

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