Queda de Ricardo Salles era esperada e desejada
Agora ex-ministro, ele é investigado por ter atrapalhado investigações sobre apreensão de madeira. Bolsonaro finalmente cedeu
Pressionado pela base aliada, mais precisamente pelo centrão, o presidente Jair Bolsonaro não resistiu mais, e cedeu. Aceitou a demissão do agora ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Como disse o comentarista André Trigueiro, da GloboNews, Salles “nunca foi o ministro do Meio Ambiente. Será lembrado, [na verdade]. como ministro da boiada”.
É tão baixa a sua passagem pela pasta, que Salles está sendo investigado por ter atrapalhado investigações sobre apreensão de madeira. O inquérito foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal a pedido da Procuradoria Geral da República.
Enquanto ocupou o cargo, Salles conseguiu mexer com quem resolveu investigá-lo. Em abril deste ano, o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, foi retirado do cargo depois de enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra Salles alegando que o então ministro dificultou a ação de órgãos ambientais. Como a coluna mostrou, a troca de Saraiva comprovou a interferência indevida do governo na corporação.
Além disso, a queda de Salles acontece no momento mais difícil da atual gestão, quando a CPI da Covid-19 avança, especialmente em relação ao caso da Covaxin, informado pela coluna nesta terça-feira, 22. É hora de pagar a conta para os aliados.
Mesmo tendo cedido, Bolsonaro, a exemplo do que fez com Abraham Weintraub e Ernesto Araújo, deve exaltar os feitos dele, elogiar horrores e agradecer. Não se espantem se o presidente afirmar que foi o melhor ministro do meio ambiente da história.