O embate da cloroquina voltará a crescer
Apesar da boa intenção dos senadores em esclarecer o ponto, a sociedade já sabe que a cloroquina não tem efeito comprovado. É hora de focar na vacinação
A semana para a CPI da Covid será curta, mas não menos importante. Enquanto o Brasil sofre com um número alto de vítimas da doença, a população enfrenta o medo de uma terceira onda do vírus e o governo decide aceitar a realização da Copa América sob o risco de piorar o cenário já caótico. No Senado, a polêmica envolvendo o uso da cloroquina vai ganhar espaço novamente.
Nesta terça, 1, a médica Nise Yamaguchi dará seu depoimento aos senadores. Abertamente defensora da cloroquina, Nise deve repetir os discursos do governo a favor do medicamento que não possui eficácia comprovada no tratamento contra o coronavírus.
Pesa contra ela um fato importante: em seu depoimento à CPI, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou que Nise defendeu alterar a bula da cloroquina para incluir o tratamento contra a Covid.
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Semana na CPI da Pandemia só terá médicos
Na quarta, 2, os senadores vão promover uma audiência pública com médicos favoráveis e contrários ao medicamento. Em defesa do tratamento, estarão os médicos Francisco Eduardo Cardoso Alves e Paulo Márcio Porto de Melo. Francisco foi um dos coautores da nota do Ministério da Saúde que dava orientações para o tratamento precoce da Covid-19 com medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina.
Para falar contra o tratamento, foram convidados os médicos Clovis Arns da Cunha e Zeliete Zambom. Clovis Arns assinou carta com outros infectologistas no ano passado recomendando que a hidroxicloroquina seja abandonada no tratamento de qualquer fase da Covid-19.
Apesar da boa intenção dos senadores em esclarecer o ponto, a sociedade brasileira já sabe que a cloroquina não tem efeito comprovado. O governo repete o mesmo discurso há mais de 1 ano, mas o fato é que o medicamento não funciona.
Mais importante do que falar sobre a medicação é focar na vacinação. Se os estudos do Instituto Butantan estiverem corretos, a vida vai começar a voltar ao normal quando 75% da população estiver imunizada. Só assim será possível retomar a economia, reduzir o desemprego e esquecer os tempos sombrios que vivemos com milhares de mortos todos os dias.