Nem João Santana conseguirá fazer Ciro virar a opção de centro
Pedetista tem contra si temperamento explosivo e visão muito estatizante da economia
Ciro Gomes está tentando se colocar como opção entre Bolsonaro e Lula nas eleições de 2022. Contratou o marqueteiro João Santana, um arquivo vivo do PT, e tem feito vídeos nas redes sociais com boa produção e frases de impacto. Apesar do esforço, dificilmente o político conseguirá ocupar o espaço que deseja.
Em vídeo publicado na terça, 12, com o título de “não a um e não ao outro”, Ciro explica suas críticas a Lula e Bolsonaro, diz que o petista não tem energia sincera para fazer o que propõe e afirma que o atual presidente representa atraso, trevas e tragédia. No fim do vídeo, de forma simbólica, Ciro aparece no centro da tela enquanto a imagem de Lula à esquerda e a de Bolsonaro à direita vão se quebrando.
Embora seja muito bem montado e pensado, o vídeo não apaga a imagem que Ciro já passou em diversos momentos. Tentar vendê-lo como um candidato moderado de centro só vai funcionar para quem não acompanha o cenário político e, principalmente, para quem não acompanhou as últimas eleições. Ele tem uma visão muito estatizante na economia.
Ciro é um candidato de esquerda e tem contra si o temperamento explosivo que já o colocou em situações difíceis. Em uma das explosões, o pedetista disse que Lula, durante o debate nas eleições de 1989, deveria ter chamado o ex-presidente Fernando Collor de “playboy safado” e “cheirador de cocaína”.
Collor entrou com ação na Justiça, ganhou e Ciro teve um apartamento leiloado para pagar a indenização. O vencedor do leilão, o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira, ironizou a vontade de Ciro de se tornar presidente. “Arrematei de sacanagem… O homem não administra nem o patrimônio dele, quer administrar o Brasil?”.
Ciro vai precisar de mais do que boas imagens e frases de impacto se quiser conquistar votos na próxima eleição. Mais do que isso: o presidenciável terá que dominar seu temperamento e provar que tem equilíbrio e uma visão atualizada da economia para comandar o Brasil.