Na batalha da ONU, Bolsonaro massacrou o Itamaraty
Deu pra notar onde o ministério tentou ajustar o discurso com dados e informações, mas o presidente meteu a mão como sempre para envergonhar o Brasil
Como previsto aqui neste espaço, não havia como salvar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas (ONU). Não há salvação para o presidente da República católico, não praticante, enganador de grupos evangélicos.
O presidente fez na ONU um discurso de cercadinho do Palácio do Alvorada. Atacou a mídia, governadores, o lockdown e até as vacinas. Defendeu a cloroquina, o tratamento precoce, falou de Deus e família, do inimigo comunista (sim, no ano que vem teremos que aguentar essa balela de novo na eleição).
Bolsonaro ainda disse que as manifestações de 7 de setembro foram as maiores da história do Brasil. Acreditem! Ele disse isso.
Claramente deu pra notar onde o Itamaraty tentou ajustar o discurso dele com dados e informações, como a coluna havia adiantado que o ministério tentaria. E onde o Bolsonaro, ops, “Bolsonóquio”, meteu a mão para envergonhar o Brasil.
Itamaraty: “Temos tudo o que investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes ativos, tradição de respeito a contratos e confiança no nosso governo”.
Bolsonaro: “Isso é muito, é uma sólida base, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo”.
Itamaraty: “Nossa moderna e sustentável agricultura de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional”.
Bolsonaro: “Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina”.
E por aí vai. O staff profissional do serviço público do país fez o que pode para melhorar a imagem do Brasil, como na questão ambiental. Mas Bolsonaro, que vive no universo paralelo, não deixa.