Ministro do STF está irritado com pasmaceira de Pacheco e Lira
“Mineirismo” dos presidentes do Senado e da Câmara está fazendo com que magistrado do Supremo perca a paciência

Existem novas versões de mineirismo na política brasileira nos difíceis tempos atuais. A primeira delas é encabeçada por Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. A segunda é liderada por Arthur Lira, que, ao contrário de Pacheco, nem mineiro é, mas alagoano. Mesmo assim também é adepto da turma do “deixa disso”, a escola Tancredo Neves de fazer política.
Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu reagir, como um corpo unido, aos arroubos autoritários de Jair Bolsonaro neste segundo semestre, desmarcando uma reunião entre poderes, incluindo o presidente no inquérito das fakenews e abrindo um inquérito administrativo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigá-lo, Pacheco e Lira continuam na política de colocar panos quentes.
A tentativa de apaziguar as crises institucionais (em série) criadas por Bolsonaro, no entanto, começaram a irritar profundamente integrantes do STF. Segundo um magistrado ouvido pela coluna, não há esperança de que o presidente da República vá mudar após mais uma tentativa de pacificação entre os poderes, encabeçada por Pacheco e Lira.
Nesta segunda-feira, 23, o presidente do Senado afirmou: “o impeachment não pode ser banalizado, não pode ser mal usado, não pode ter um viés simplesmente político porque ele é uma interrupção, ele é uma ruptura de uma continuidade de alguém que foi legitimamente eleito ou escolhido para determinado cargo de poder, portanto isso deve ser muito bem analisado”.
Nesta terça-feira, 24, o presidente da Câmara afirmou: “eu acho que o impeachment é uma ruptura traumática no sistema democrático. Estamos a um ano das eleições. Nós defendemos as eleições. Vários presidentes já passaram pelo ‘sabor’ do processo de impeachment. O momento agora é o de apaziguar. É a de colocar água nessa fervura, definitivamente”.
À coluna, este importante ministro do STF não falou abertamente sobre o impeachment de Jair Bolsonaro, mas disse que passou da hora em que se acreditava na corte que o presidente da República poderia mudar o seu radicalismo e apenas governar, sem gerar atritos institucionais. Bolsonaro diz que vai mudar, e uma semana depois… Começa de novo com seus excessos.
A hora, segundo esse magistrado do Supremo, seria a de pressioná-lo, assim como o STF está fazendo. Menos diálogo, e mais medidas. Pacheco, inclusive, propôs uma nova nova reunião entre os poderes, com a presença do maior gerador de crises que o país já viu, Jair Bolsonaro. Ao ser perguntado se uma reunião seria suficiente, o presidente do Senado disse: “Se não for suficiente uma, fazemos outra”.
Não, não, disse o magistrado. Faltam ainda 16 meses para o fim do mandato de Bolsonaro. É muita crise que pode surgir até lá, enquanto o país não olha para problemas graves, como o desemprego e alta dos preços em meio a pandemia. O mineirês de Pacheco e Lira parecem, definitivamente, ter esgotado a paciência de magistrados da mais alta corte do país.