As contradições de Bolsonaro sobre a PF
Presidente disse hoje que não tem como interferir na Policia Federal, mas afirmou claramente que faria isso em 2019
Tudo bem que para ser político tem que ser camaleão. Mas o presidente Jair Bolsonaro, em alguns momentos, passa de todos os limites razoáveis da troca de pele para sobreviver. O presidente já mudou superintendente da Polícia Federal, já viu seu então ministro da Justiça acusá-lo de interferir politicamente na corporação. Aliás, é até investigado por isso. Apesar desse passado bem eloquente, ele declarou nesta segunda-feira, 12, que não tem como “colocar cabresto na PF”.
“Eu não mando na Polícia Federal, pessoal. Alguns acham que tem como colocar cabresto na PF, não tem. Se tivesse como botar o Lula teria botado, a Dilma também. Afinal, grande parte das investigações vêm da Polícia Federal e o governo continua a mesma coisa Não tem como interferir na PF”, afirmou o presidente depois de ameaçar “terminar com a entrevista”, por não gostar da pergunta.
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Agora, leitor, apenas compare o que Bolsonaro disse hoje com o que ele falou no dia 16 de agosto de 2019. “Se ele [Sérgio Moro] resolver mudar [o comando da PF], vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu, vou deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu. Pelo que está pré-acertado, seria lá o [superintendente] de Manaus”, disse o presidente na ocasião.
Bolsonaro ainda continuou no dia 16 de agosto de 2019: “Quando vão nomear alguém, falam comigo. Eu tenho poder de veto, ou vou ser um presidente banana agora? Cada um faz o que bem entende e tudo bem?”, afirmou. Sim, o presidente tentou, e ainda tenta, colocar cabresto na PF. O resto é balela.