O sonho de Cláudio Castro para atrair o apoio de Eduardo Paes em 2022
Estafe do governador aposta no pragmatismo do prefeito para oferecer caminho livre para o Palácio Guanabara em 2026

Superado o desentendimento que teve com Eduardo Paes (PSD) em razão das medidas de restrição na pandemia, o governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL) hoje sonha com o apoio do prefeito fluminense para superar o desconhecimento da população e se reeleger nas eleições de 2022.
A tese do estafe do governador — e que também ressoa entre os aliados de Paes — aposta no pragmatismo do prefeito: como Castro irá disputar a reeleição no ano que vem, uma vitória sua abriria caminho para Paes realizar o seu desejo de ser governador em 2026 sem ter que competir com alguém com a máquina administrativa na mão.
Falta, porém, combinar com Paes e as circunstâncias: enquanto Castro é aliado de Jair Bolsonaro (sem partido), Paes discute com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a formação de palanques para o ano que vem.
Efetivado no cargo depois do impeachment de Wilson Witzel, Castro ainda não alcançou os dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. Perderia, por exemplo, para o próprio Paes e para Marcelo Freixo, que trocou o PSOL pelo PSB e também tenta atrair o prefeito — que tenta emplacar o nome de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB.
Enquanto não consegue convencer Paes, os aliados de do governador contabilizam o apoio de pelo menos 70 prefeitos do interior do estado — que tem 92 municípios. Para se fazer conhecido, o governador aposta em uma agenda digna de campanha eleitoral. Depois da venda da Cedae (companhia de abastecimento de água), que rendeu 22 bilhões de reais aos cofres fluminenses.
Castro anunciou um plano para investir 17 bilhões de reais nos próximos três anos em projetos concebidos na medida para aparecer na propaganda eleitoral: construção de casas, salas de aula, unidades de saúde ou obras de mobilidade.
“Esse plano ainda é uma grande carta de intenções. O excesso de investimento em ano eleitoral é um filme que costuma não dar certo, porque além do uso da máquina há o risco de corrupção”, alerta o deputado estadual Luiz Paulo (Cidadania), de oposição.