O perfil do eleitor que votou em Bolsonaro e pretende apoiar Lula em 2022
Pesquisas mostram que homens, moradores do Sudeste e católicos formam a maior parte dos eleitores que pretendem migrar de um polo a outro
Superado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial de 2022, o presidente Jair Bolsonaro vê uma fenda na base eleitoral que o elegeu alimentar diretamente o favoritismo do maior adversário. São os eleitores que votaram no capitão em 2018 e agora dizem que pretendem migrar exatamente para o palanque oposto, do petista.
Pesquisa do IPEC divulgada em junho mostra que 25% dos eleitores que optaram por Bolsonaro no segundo turno, há três anos, responderam que “com certeza” votariam em Lula para o Palácio do Planalto. Já de acordo com levantamento da consultoria Quaest, é de 18% o número de apoiadores arrependidos do presidente que querem a volta do ex-presidente.
Em detalhamentos feitos a pedido de VEJA, os institutos chegaram a um perfil semelhante do eleitor “Bolsolula”. Conforme o levantamento do IPEC, a maior parte do eleitorado que pretende trocar o capitão da reserva pelo ex-metalúrgico é formada por homens (53% entre os arrependidos rumo a Lula), os que estudaram até o Ensino Médio (36%), moradores do Sudeste (44%), católicos (50%) e com renda de até 1 salário mínimo (41%).
“Esse eleitor era originalmente de Lula, mas votou em Bolsonaro na eleição passada, uma vez que ele não pode concorrer, e agora ‘volta’ ao Lula. Eles têm lembranças de ‘bons tempos’ da Era Lula na economia”, diz Márcia Cavallari, diretora do IPEC.
Conforme a Quaest, entre aqueles que votaram no presidente e agora querem a volta do ex-mandatário, o perfil majoritário é de homens (62%), os que cursaram até o ensino fundamental (63%), residentes em estados do Sudeste (40%), católicos (66%) e com renda de até dois salários mínimos (65%).
Reportagem de VEJA publicada nesta sexta-feira, 12, mostra como a migração de votos de Bolsonaro diretamente a Lula também pode prejudicar o plano de contenção de danos do presidente no Nordeste, onde ele tem altos índices de rejeição e intenções de voto quatro vezes menores que o petista. Segundo o IPEC, são nordestinos 28% dos eleitores de Bolsonaro que “com certeza” votariam em Lula; de acordo com a Quaest, o número é de 27%.