Por que os cuidados paliativos são tão importantes
A melhor forma de apresentar os cuidados paliativos é explicar o que não são cuidados paliativos. Em nossa cultura, paliativo é um termo relacionado a cuidados inconsistentes, medidas provisórias e sem resultado efetivo. É muito comum verificar que os médicos pensam que cuidados paliativos são para pacientes moribundos aos quais não há mais “nada a […]
A melhor forma de apresentar os cuidados paliativos é explicar o que não são cuidados paliativos. Em nossa cultura, paliativo é um termo relacionado a cuidados inconsistentes, medidas provisórias e sem resultado efetivo. É muito comum verificar que os médicos pensam que cuidados paliativos são para pacientes moribundos aos quais não há mais “nada a fazer”. Em termos de definição e indicações, no caso do câncer, qualquer paciente com doença avançada, como por exemplo, com câncer espalhado pelo corpo (com metástases) ou inoperável deveria receber o atendimento de cuidados paliativos já no diagnóstico. Já temos inúmeras evidências de que esse tratamento não só traz melhor qualidade de vida com melhor controle do sofrimento como também chega a proporcionar maior tempo de vida. O mesmo tem acontecido com as evidências cientificas em relação a pacientes com doenças graves e avançadas não oncológicas, como demências, doença pulmonar e doença cardíaca. Entretanto, no Brasil, a dificuldade de acesso a esse tipo de tratamento ainda é absurda tanto pelo preconceito que ainda impera e pelo fato de os médicos e outros profissionais envolvidos nos cuidados não receberem formação adequada aponto de desenvolverem as competências.
Paliativo vem do latim pallium, e quer dizer manto, cobertor. Os cuidados paliativos dizem respeito aos cuidados integrais ao paciente, com prioridade no controle de sintomas de desconforto e sofrimento que podem acontecer durante o processo de diagnóstico e de tratamento de uma doença grave, como o câncer. São mais bem definidos como cuidados de proteção – proteção contra o sofrimento causado pela doença ou por seu tratamento.
O Brasil tem uma triste e preocupante realidade em relação aos níveis de acesso a cuidados paliativos: em 2015, numa pesquisa conduzida pelo The Economist sobre qualidade de assistência à morte em oitenta países, em que foram avaliados itens relacionados aos cuidados oferecidos a pacientes com doença grave, incurável e em fase terminal, o Brasil ficou em 42º lugar. Um dos aspectos mais inquietantes da pesquisa foi o grau de consciência da sociedade em relação a cuidados de fim de vida, e o Brasil foi contemplado com um dos índices mais baixos nesse quesito. Nossa cultura não permite que haja essa consciência da finitude humana pela ilusão de imortalidade, pela negação, pelo medo de tocar nesse assunto. Será que é possível aceitarmos que todos os dias da nossa vida merecem ser cuidados com responsabilidade e conhecimento e que a morte é um dia que precisa valer a pena viver?
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Enis Donizetti, anestesiologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Enis Donizetti Silva, anestesiologista
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, fisiologista
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil – cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista