Lula sobre Ciro: “Vamos xingar por 10 minutos, depois a gente conversa”
Lula diz não ser candidato, mas está em campanha pelo Nordeste: “Não estou candidato a presidente, ainda não, mas nunca na minha vida eu tive tanta vontade"
Lula diz não ser candidato, mas está em campanha pelo Nordeste. “”Não estou candidato a presidente, ainda não”, disse ontem em Teresina. “Vamos esperar o momento certo, mas nunca na minha vida eu tive tanta vontade de ser candidato a presidente como agora.”
Em São Luís, onde fica até amanhã, vai conversar com o ex-presidente José Sarney, seu mais fiel aliado em dois mandatos na presidência do Senado (de 2003 a 2005 e de 2009 a 2011).
Sarney é do tipo que faz política conversando. Há meses, Jair Bolsonaro o procurou em casa, em Brasília. A visita foi breve. Ansioso, o presidente falou, e muito. O ex-presidente ouviu, atento. Quando tentou falar, Bolsonaro olhou o relógio, e se despediu.
Pouco depois desse quase-monólogo, apareceu outra visita — era José Dirceu. Conversaram calmamente.
Lula é desse tipo, se construiu na política conversando. Aos 78 anos, líder nas intenções de voto, mas com elevada rejeição — embora 16 pontos inferior à de Bolsonaro —, tateia o território com vontade explícita, mas ainda hesitante.
Faltam 14 meses para a eleição e, em campanha eleitoral, isso equivale ao infinito. Principalmente, num país onde política há muito deixou de ter previsibilidade e se tornou sinônimo de improviso. E isso aumenta a necessidade de conversas.
À mesa do jantar de domingo no Recife, com o governador Paulo Câmara e o prefeito João Campos, Lula ouviu uma ironia sobre Ciro Gomes, que há 30 meses o critica duramente a cada duas dezenas de palavras. Reagiu: “Sabe, vou propor ao Ciro um encontro. “Vamos nos xingar por dez minutos, depois a gente conversa.”