Eleitores avisam candidatos: estão insatisfeitos e cansados
44,3% dos eleitores acham “ruins” ou “péssimas” as opções de candidatos para 2022. Bolsonaro é rejeitado por 61,8%. Um terço se cansou da polarização
Parte expressiva dos eleitores está claramente insatisfeita com o atual cardápio de opções de candidatos para as eleições presidenciais do ano que vem. E, também, cansada da contínua confusão política.
Faltam 16 meses para o primeiro turno, parece distante, mas o tempo em política é relativo e a campanha acabou antecipada por Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
Uma forma de aferir o ânimo do eleitorado em relação aos possíveis candidatos é o nível de rejeição a cada um deles.
A pesquisa CNT/MDA, divulgada ontem, dá pistas consistentes sobre a disposição para o voto numa amostra de 2.002 pessoas entrevistadas presencialmente, entre quinta-feira e sábado passado, em 137 municípios de 25 Estados. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Os resultados apurados não deixam dúvida: parcela significativa (44,3%) dos eleitores classifica como “ruins” ou “péssimas” as opções de candidatos disponíveis numa listagem composta pelo presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente Lula, o governador paulista João Doria, e os ex-ministros Ciro Gomes, Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta.
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Outros (maioria de 48,7%) aparentemente estão satisfeitos. Julgam que nessa meia dúzia de nomes listados existem “boas” e “ótimas” alternativas para votar em 2022. A qualificação “boas opções de candidatos” sobressai (41,4%).
Nesse retrato atualizado da campanha, Bolsonaro se destaca como líder isolado em rejeição. Seis em cada dez eleitores afirmam que não votariam nele “de jeito nenhum”.
É um caso inédito de presidente que, candidato à reeleição, enfrenta rejeição da ampla maioria do eleitorado (61,8%). Esse índice é similar ao de desaprovação (62,5%) do desemprenho do presidente no comando do governo sob a pandemia.
Para um grande grupo (45,1%) o mais importante na disputa de 2022 é que Bolsonaro “não seja reeleito”. Sua base de eleitores fiéis é limitada (22,8%). Fica atrás do adversário Lula na preferência para o voto, hoje, quando o eleitor se vê obrigado à escolha num hipotético duelo eleitoral entre eles.
O ex-presidente também carrega o peso de uma elevada rejeição (44,5%). Nessa pesquisa, ela ficou 17 pontos percentuais inferior à de Bolsonaro. É significativa se observadas as condições peculiares do líder do PT.
Lula é o político brasileiro mais conhecido e longevo em campanhas presidenciais. É candidato permanente há 32 anos, desde a primeira eleição após a ditadura, em 1989. Se elegeu depois de três derrotas. Entrou e saiu da presidência com o mesmo nível de aprovação (mais de 80% nas pesquisas CNT/MDA) e ainda escolheu a sucessora, Dilma Rousseff. Está longe do poder há uma década, mas conserva o desgaste do protagonismo em casos recentes de corrupção (Mensalão e Petrobras).
O governador paulista João Doria é caso a parte, talvez mereça estudo em escolas de ciência política. Pouco conhecido fora das fronteiras de São Paulo, conseguiu consolidar a imagem de administrador eficiente na catástrofe pandêmica quando negociou, planejou e produziu uma vacina contra a Covid-19, a Coronavac. Venceu o negacionismo e as pressões financeiras do governo Bolsonaro.
Foi o único potencial candidato a presidente a realizar essa proeza, mas ele não conseguiu conquistar a simpatia dos eleitores. Pela pesquisa, hoje Doria enfrenta rejeição (57,9%) próxima do patamar de Bolsonaro, e bem acima de Lula.
Já Ciro Gomes, Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro se igualam na percepção do eleitorado. A resistência ao ex-juiz da Lava Jato (56,7%) é pouco maior, em comparação a Mandetta (51,5%), seu antigo colega no ministério de Bolsonaro, e a Ciro (52,4%).
Ciro se destaca pela resiliência — dele e do eleitorado — numa longa carreira política. Já foi deputado, prefeito de Fortaleza e governador do Ceará, ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e da Integração Nacional no governo Lula. Disputou a presidência por três vezes nos últimos 23 anos. Perdeu, mas avança na quarta tentativa. Metade do eleitorado diz que não votaria nele “de jeito nenhum”.
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Pesquisas são meras fotografias do estado de ânimo do eleitorado, sempre volátil. É possível prever, por exemplo, alguma melhoria na crítica situação de Bolsonaro como efeito da prorrogação do auxílio financeiro emergencial a três dezenas de milhões de pessoas pobres, sem perspectiva de ocupação na crise pandêmica e sob impacto de uma inflação crescente nos preços dos alimentos, que consomem 60% da renda nas famílias de baixa renda.
Os altos índices de rejeição dos candidatos, nessa virada de semestre, confirmam a tendência desenhada em outras sondagens nos últimos seis meses: há um grande vácuo no cardápio de opções para 2022.
A mensagem do eleitorado mistura insatisfação com fadiga política. Quatro em cada dez eleitores simplesmente não se identificam com as alternativas que aí estão. E pelo menos um terço (30,1%) gostaria de ver alguém sem ligações com Bolsonaro ou com Lula vencendo as eleições do próximo ano. Se mostram cansados da confusão em moto perpétuo, que alguns chamam de polarização.
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