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Com dinheiro extra, governadores montam o seu jogo eleitoral

Minas, Rio, Brasília e Alagoas multiplicaram o dinheiro em caixa, com receitas extras (R$ 60,4 bilhões) depois de um período de finanças devastadas

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 jun 2021, 09h53 - Publicado em 8 jun 2021, 09h00

Há governadores sorrindo neste final de semestre. Eles conseguiram multiplicar o dinheiro em caixa,  com receitas extras depois de um período crítico com as finanças devastadas pela pandemia.

É o caso de Romeu Zema (Partido Novo), de Minas Gerais; de Claudio Castro (PSC), do Rio; de Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, e, de Renan Filho (MDB), de Alagoas.

Eles levantaram R$ 60,4 bilhões nos últimos oito meses em acordos, privatizações e concessões de serviços públicos.

Ha outros nove governadores com chance de obter R$ 180 bilhões em receitas extras até o próximo ano, com privatizações e concessões.

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Zema, Castro, Ibaneis e Renan começam o segundo semestre administrando com relativa estabilidade financeira e investindo numa planilha de obras para inaugurações no próximo ano.

Isso tende a lhes proporcionar maior influencia nos jogos eleitorais locais, turbinando respectivos projetos de reeleição ou para a disputa de uma vaga no Senado.

O mineiro Zema levou o maior prêmio, e foi por acordo.

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Herdeiro de um conglomerado varejista e financeiro, ele estreou na política aos 54 anos elegendo-se governador, mas com a perspectiva de se limitar ao papel de síndico de um Estado falido — Minas deve cerca de R$ 110 para cada R$ 100 que arrecada.

Dias depois da posse, em janeiro de 2019, viu-se diante de uma catástrofe, o rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, onde morreram 260 pessoas e dez continuam desaparecidas.

Zema passou os últimos dois anos cobrando R$ 55 bilhões da Vale em indenização. Em janeiro, com aval da Assembleia Legislativa, o Estado fez um acordo com a empresa para receber R$ 32 bilhões. É um extra equivalente a 30% da arrecadação anual antes da pandemia.

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O dinheiro vai irrigar o caixa do governo mineiro no segundo semestre. As obras começam assim que Zema, cuja habilidade na gestão empresarial realça suas dificuldades na negociação política, conseguir se entender com os deputados sobre a lista de prioridades. Ele é candidato à reeleição.

No Rio, Claudio Castro segue pela mesma trilha. Quadro da Igreja Católica numa coalizão com evangélicos aglomerados no Partido Social Cristão, cumpre mandato-tampão no lugar de Wilson Witzel, deposto por impeachment.

LEIA TAMBÉM: Rio: governo Cláudio Castro tem desaprovação alta e 17% de ótimo/bom

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À frente de um Estado que disputa a liderança entre os falidos, com Minas e Rio Grande do Sul, as chances de reeleição de Castro eram ínfimas até o mês passado, quando conseguiu privatizar parte da companhia de saneamento Cedae.

Levou R$ 22 bilhões no total. Castro ganhou um fôlego de R$ 16,1 bilhões, receita suficiente para cobrir 80% do déficit previsto para este ano.

O Estado vai distribuir proporcionalmente outros R$ 5,9 bilhões às prefeituras do Rio (Eduardo Paes, do PSD) e de três aliados de Jair Bolsonaro: os prefeitos de São Gonçalo (Nelson Ruas dos Santos, do Avante); de Nova Iguaçu (Rogério Lisboa, do PP), e, de Duque de Caxias (Washington Reis, do MDB).

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Alegre também está Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal. Acaba de receber R$ 444 milhões em dividendos da Companhia Energética de Brasília (CEB), recém-adquirida por R$ 2,5 bilhões pelo grupo Neoenergia.

Candidato à reeleição, Ibaneis já estava financeiramente confortável em relação aos outros 26 governadores, porque a União paga boa parte (cerca de 40%) das despesas da administração da capital.

Esse dinheiro da CEB equivale a 2% do orçamento, suficiente para Ibaneis ampliar seu programa de obras para a campanha do próximo ano, alinhado a Bolsonaro.

Todos governadores aceleraram processos privatizações e concessões a partir do êxito de Renan Filho (MDB) em Alagoas.

Em setembro, ele levou a leilão os serviços de saneamento em treze cidades da região metropolitana de Maceió. Esperava R$ 500 milhões, levou R$ 2 bilhões – além de outros R$ 2,5 bilhões em garantia de investimentos nos próximos oito anos.

Com uma receita extra e imediata de 22% sobre o orçamento deste ano (R$ 9 bilhões), além de despesas relativamente controladas, Renan Filho desfruta de uma situação inédita na história recente de Alagoas, a do superávit.

Filho de Renan Calheiros, relator da CPI da Pandemia, ele conseguiu abrir uma avenida para a candidatura ao Senado, no próximo ano. Vai disputar com o ex-presidente e ex-governador Fernando Collor, que luta pela reeleição aliado a Bolsonaro.

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