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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Fuzil acima de tudo e uma beirada no bolso de todos

A compra de armas de fogo e munições vem sendo, desde o início desse governo, constantemente incentivada, quase como uma obsessão

Por Jorge Pontes
Atualizado em 31 ago 2021, 10h24 - Publicado em 31 ago 2021, 10h24

Como disse Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. Mas Bolsonaro vem, reiteradamente, incentivando os brasileiros a comprarem fuzis.

Nessa última sexta-feira, o presidente disse para um grupo de apoiadores – no seu conhecido “cercadinho da Alvorada” – que são idiotas os que preferem comprar feijão em vez de fuzis.

A compra de armas de fogo e munições vem sendo, desde o início desse governo, constantemente incentivada, quase como uma obsessão, tanto pelo presidente como pelos seus três filhos mais velhos.

Reparem que a cloroquina, e outras drogas que comprovadamente não têm qualquer serventia para o enfrentamento à pandemia, configuraram-se igualmente em verdadeira fixação do presidente da República. Hoje temos uma CPI que investiga, entre outros malfeitos, a possibilidade de alguém ter lucrado indevidamente com o aumento desnecessário da produção de cloroquina. Já foi revelada, também, a tentativa de perpetração de fraudes milionárias na compra de imunizantes para o Covid-19. E haveria, segundo já apurado, alguns atores palacianos – cuja totalidade de nomes ainda não conhecemos – advogando por uma boa beirada nessas aquisições milionárias.

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Afinal de contas, o que haveria por trás de tanto empenho no fomento do consumo de itens que definitivamente não importam para a vida do brasileiro, e cuja venda não deveria ser sequer incentivada?

Nada nos assegura que esse fervor por armas e munições não venha a desaguar, em futuro não muito distante, em um grande escândalo de tráfico de influência e corrupção.

E os novos registros de armas de fogo em nosso país aumentaram 90% em 2020 – em comparação com 2019 -, sendo o maior número da série histórica do sistema da Polícia Federal. Os efeitos desastrosos dessa política equivocada serão sentidos pela sociedade brasileira ainda por muitos anos.

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Quem afinal disse ao presidente que armar a população impactará positivamente na segurança pública? O impacto positivo dessa insensatez ocorrerá tão somente nos bolsos de fabricantes, comerciantes, intermediários e representantes – e com certeza numa meia dúzia de coronéis da reserva.

O setor de armas e munições já ganhou muito dinheiro com a mudança de vetor operada pelo governo Bolsonaro – em detrimento da política de desarmamento que até então vinha sendo aplicada no Brasil, chancelada por especialistas e pelas mais modernas pesquisas acadêmicas sobre o tema.

Não causará nenhum espanto se, a partir de 2023, assistirmos à Polícia Federal investigando o “Escândalo do Pistolão”, isto é, a atuação de lobbies criminosos que teriam levado vantagens indevidas com o aumento exponencial de vendas de armas de fogo e munições, em flagrante prejuízo da segurança do cidadão comum.

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Mas, afinal de contas, it’s all about money, e o que aparentemente não faltam nesse governo são pelotões de beiradeiros.

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