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“O Método Kominsky”: e não venham com essa de “melhor idade”

Michael Douglas e Alan Arkin cravam os dentes em um roteiro ao mesmo tempo trágico e engraçado sobre as agruras de envelhecer

Por Isabela Boscov Atualizado em 21 dez 2018, 19h54 - Publicado em 21 dez 2018, 19h21

Sandy Kominsky (Michael Douglas) ainda tem uma vaga pretensão a tigrão, mas a próstata já não ajuda: a cada cinco minutos ele tem que ir ao banheiro e esperar que duas ou três gotinhas se dignem a sair. Num bar cheio de gente mais jovem, ele perde a paciência; os jorros que os rapazes produzem ao seu lado lhe parecem uma provocação pessoal. É hora de ter um urologista só seu. Ou ao menos um urologista emprestado por seu agente e melhor amigo/inimigo, Norman (Alan Arkin), mais velho, mais regrado, mas ainda mais infeliz que Sandy. Norman acabou de perder a mulher com quem foi casado a vida inteira e, de tão sem saber o que fazer, continua conversando com ela normalmente, embora saiba que isso é doidice. Conversa, por exemplo, sobre que atitude tomar em relação a Phoebe (Lisa Edelstein), a filha já cinquentona mas ainda sem pé nem cabeça, frequentadora habitual – e fracassada – de rehabs. Ou sobre se deve ou não emprestar uma bolada a Sandy para que ele possa quitar sua dívida com o fisco (desde que seu contador morreu, Sandy não declara imposto de renda) e evitar assim a perda do estúdio em que ensina arte dramática a jovens esperançosos em Hollywood – e principalmente evitar que Mindy (Sarah Baker), a filha de Sandy, tão dedicada e sofredora, se arruine junto com ele. Envelhecer não é fácil. Não só os problemas da juventude e da meia-idade se arrastam e até se agravam, como novos e humilhantes problemas vêm fazer companhia a eles.

O Método Kominsky
(Netflix/Divulgação)

Em oito episódios de menos de meia hora mas repletos de humor e, às vezes, de tristeza, O Método Kominsky, da Netflix, ao mesmo tempo prova e nega a sua tese. Prova porque Douglas, com 74 anos, e Arkin, com 84, não estão falando de velhice, doença e perda de orelhada, mas sim com conhecimento de causa – e porque, convenhamos, não há muita dificuldade em demonstrar que essa história de “melhor idade” é conversa para boi dormir. A melhor idade, argumentam Douglas, Arkin e o criador da série, Chuck Lorre, é aquela em que não se é lembrado da própria mortalidade várias vezes ao dia. Por outro lado, O Método Kominsky parcialmente desmente a sua tese dando papéis tão ricos a dois atores vastamente vividos, experientes e talentosos, mas já numa fase da carreira em que é raro ser protagonista.

O Método Kominsky
(Netflix/Divulgação)

Chuck Lorre, que criou também Two and a Half Men e The Big Bang Theory, em geral é adepto de um humor mais direto que o de O Método Kominsky. Mas, aos 66 anos, também ele já dobrou mais uma curva e pensou em mais duas ou três coisas a respeito da vida – manifestas, por exemplo, no senso de absurdo mas também respeito que marcam até personagens secundários como o antiquíssimo garçom que arrasta os pés no restaurante que Norman e Sandy frequentam. Ou no cansaço ainda terno com que Sandy enfrenta as classes lotadas de jovens que ainda creem, como ele próprio acreditou um dia, que vão fazer e acontecer. Lorre, porém, marca mais um ponto ao não se apoiar demais na obsessão de Hollywood com a juventude. Até no título dos episódios, formulados à maneira das marcações de cena dadas para um ator num ensaio ou numa aula – Um Ator Desconversa, Uma Viúva se Aproxima –, ele rumina aqui sobre um aspecto bem mais interessante da trajetória de seus protagonistas, ou de qualquer um que se veja no mesmo estirão que eles: no momento em que se desiste de participar do drama cotidiano, aí que se perdeu não só a batalha como a própria guerra.

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