Horizonte Profundo: Desastre no Golfo
Cuidadoso nos detalhes e eficiente na ação, filme tira entretenimento tenso de um desastre real
Sempre que alguém faz um desses rankings das profissões mais arriscadas do mundo, a de operário de plataforma marítima de petróleo aparece lá no alto da lista – e, assistindo a Horizonte Profundo, entendi por quê. Aliás, entendi direitinho por quê: como sofro da síndrome da primeira fileira, nada me deixa mais feliz do que um filme que me dá uma boa aula, com propriedade e conhecimento, sobre algo que eu não sabia. Se na segunda metade esse filme tem ainda ação honesta e bem-feita, com tensão e realismo, ora, aí o programa fica completo mesmo.

A Deepwater Horizon é aquela plataforma de prospecção (a que procura uma reserva de petróleo e prepara o poço para a chegada da plataforma de exploração) da British Petroleum – ou BP – que explodiu em abril de 2010 no Golfo do México, ao largo da costa da Louisiana, deixando onze mortos e provocando o maior vazamento de óleo cru da história americana, que demorou cinco meses inteiros para ser contido. Toda plataforma marítima é um perigo potencial, e por isso os protocolos de segurança têm de ser obedecidos religiosamente. A tese que o diretor Peter Berg expõe muito bem em Horizonte Profundo é que este é um desastre que não precisava ter ocorrido; não foi fruto do azar ou de fatores imponderáveis, mas de negligência, pressa e ganância.

A esses pecados corporativos, o filme contrapõe as virtudes proletárias de Mike Williams (Mark Wahlberg): pai de família bem casado e responsável, Mike é o engenheiro de manutenção elétrica da Deepwater e, junto com seu chefe, interpretado por Kurt Russell, mais colegas como a operadora de navegação Andrea Fleytas (Gina Rodriguez, de Jane the Virgin, a atriz latina do momento), tenta nadar contra a onda de descaso dos executivos da BP que estão comandando a operação. A Deepwater está em más condições de conservação, a perfuração foi apressada e, para não estourar o cronograma, os executivos insistem que a plataforma seja removida antes que se concluam todos os testes de selagem do poço. Os técnicos e operários estão unanimemente ressabiados e temerosos. São eles que conhecem o dia a dia do trabalho, e os instintos de todos estão em alerta laranja; há algo que lhes parece anormal no comportamento do poço, mas os testes emergenciais que os autorizam a fazer não são conclusivos. Eles defendem que, na dúvida, todos os procedimentos sejam cumpridos como manda a cartilha. A BP, ao contrário, decide que parar por causa de uma dúvida é frescura, e manda a remoção seguir adiante. Bum.

Para entender como aos poucos começou-se a perceber a dimensão do desastre, as razões pelas quais ele aconteceu e as consequências terríveis que deixou, recomendo o episódio inaugural da primeira temporada de The Newsroom. É bárbaro. Já para compreender a mecânica da catástrofe e sentir o horror que o pessoal a bordo da Deepwater enfrentou, o filme de Peter Berg é nota dez. Da apresentação da situação à maneira como controla o ritmo e o cuidado com que filma, atento à veracidade dos detalhes, Berg dá uma pequena aula não só sobre plataformas marítimas, mas também sobre como fazer um bom filme de entretenimento a partir de um desastre sem desrespeito nem apelo ao sensacionalismo.
Trailer
| HORIZONTE PROFUNDO: DESASTRE NO GOLFO (Deepwater Horizon) Estados Unidos/Hong Kong, 2016 Direção: Peter Berg Com Mark Wahlberg, Kurt Russell, John Malkovich, Gina Rodriguez, Kate Hudson, Dylan O’Brien, Ethan Suplee, Stella Allen Distribuição: Paris Filmes |
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