Quarentena no Ushuaia afeta pesquisadores antárticos brasileiros
Tripulação e pesquisadores não apresentam sintomas da Covid-19 -- eles passaram os últimos 40 dias no continente gelado
Presos no fim do mundo. Pesquisadores e militares brasileiros não puderam descer de um navio da Marinha no Ushuaia, cidade na Argentina que fica no extremo sul da América Latina, porque o município está em quarentena devido ao coronavírus. Detalhe importante: ninguém no navio apresenta sintomas da Covid-19. Os embarcados passaram os últimos 40 dias na Antártica.
O Navio Polar Almirante Maximiano, conhecido como Tio Max, que tem capacidade para receber até 113 pessoas, sendo 30 pesquisadores, iniciou o caminho de retorno entre a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira de pesquisa na Península Antártica, e a cidade de Punta Arenas, no Chile. No meio do caminho, parou para abastecer no Ushuaia. Pouco tempo depois, os passageiros foram informados de que ninguém mais poderia descer do navio.
O navio chegou ao porto no dia 15 de março. No dia 16, após o governador da província argentina emitir um decreto com restrições para a população, a tripulação recebeu a informação de que também teria que entrar em quarentena. No caso deles, o autoisolamento é dentro do navio. As pessoas não podem descer nem mesmo para o porto. O problema é que a embarcação depende do abastecimento de combustível para conseguir ir embora. A previsão era que o grupo ficaria parado por sete dias. Na quarta-feira, 18, um navio antártico espanhol havia chegado ao porto de Ushuaia e enfrentou a mesma situação.
Na terça-feira, 17, as companhias aéreas argentinas anunciaram que vão suspender os voos para o Brasil, situação que afetará alguns dos passageiros que estão a bordo do Tio Max.
De acordo com a Marinha, o reabastecimento do navio foi feito na segunda-feira, 16, e o cronograma previa o retorno no dia 23. Para evitar problemas em território argentino, o Tio Max suspendeu nesta quinta-feira, 19, em direção a Punta Arenas.