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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Fracasso escolar: os custos de reprovar um aluno

Sabendo dos aspectos negativos da reprovação, o mais lógico seria investir em medidas que evitem o aluno chegar nesse estágio.

Por Da Redação Atualizado em 30 jul 2020, 22h49 - Publicado em 5 Maio 2016, 19h19

Termino hoje uma série de artigos que comecei em novembro de 2015 sobre os fatores que fazem com que os estudantes tenham bom desempenho escolar. Falei de fatores internos, inerentes à escola, como a atuação de professores e diretores, e também fatores externos, como o papel da família e o impacto dos aspectos socioeconômicos.

Para finalizar, gostaria de falar sobre um aspecto que preocupa tanto professores quanto pais com filhos na escola: o fracasso escolar. Um aluno fracassa quando não consegue aprender. Se não aprende, não “passa de ano” e só tem duas opções: desistir de estudar, saindo da escola, ou repetir tudo de novo no ano seguinte, em outra turma, com outros colegas e, às vezes, em outra escola.

Mas, se não aprendeu da primeira vez, será que só repetir o ano resolve? Muitas vezes o fracasso se repete, e o aluno novamente não passa de ano, até ficar muito velho e sair de vez. “Esse menino tem miolo mole”, “esse aluno não tem jeito para estudar” – quantas vezes já se ouviram essas frases familiares, ditas por aqueles que deveriam ensinar e pelas próprias famílias?

Repetência e evasão não são fenômenos apenas individuais. A repetência, quando adotada em massa, acaba provocando também a evasão em grande escala. As duas situações comprometem a escolaridade da população brasileira e afetam sua produtividade, como demonstram algumas pesquisas sobre o tema revistas adiante.

A repetência é adotada por alguns sistemas escolares como ação corretiva válida para os alunos que não conseguiram atingir um mínimo de desempenho acadêmico, medido por meio de provas e testes de proficiência, ou foram reprovados por faltas, não tendo atingido o mínimo legal de frequência às aulas, que é de 75%.

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Outros sistemas escolares não permitem a repetência como ação corretiva e adotam o que se chama “promoção social”, conhecida no Brasil por “progressão continuada” ou “promoção automática”. E alguns outros sistemas permitem a dependência de uma ou outra matéria, o que permite ao aluno cursar o ano seguinte sem perder um ano letivo.

A repetência é um dos maiores problemas enfrentados na educação de crianças e jovens, porque tem consequências psicológicas sobre a autoestima desses estudantes, mas também sociais, para o país, já que afeta a continuidade dos estudos, influenciando fortemente as taxas de evasão muitos anos depois de sua ocorrência.

Resolver essa questão não é simples. Apesar das pesquisas eventualmente indicarem ganhos de curto prazo no desempenho de alunos repetentes, elas também apontam problemas a longo prazo, além de indicarem efeitos negativos sobre a autoestima, a relação com os colegas, e as atitudes em relação à escola, aumentando os riscos de evasão.

O custo emocional e comportamental da repetência para o aluno é alto, marcando sua autoestima, seu desempenho futuro e até sua vida profissional futura. O aluno evadido típico tenta várias vezes concluir com sucesso um ano antes de finalmente desistir. Em termos de política educacional, o custo-benefício da repetência e da consequente evasão não é favorável, apontando para um desperdício de recursos.

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Apesar dos ainda altos índices de repetência na transição entre ciclos, no Brasil não há estudos conclusivos sobre o impacto de programas especiais para os repetentes, especialmente no que diz respeito às suas chances de ultrapassar os riscos de desafios mapeados pela pesquisa sobre os impactos negativos da repetência.

O mais importante nesse fato é: sabendo dos aspectos negativos da reprovação, o mais lógico seria investir em medidas que evitem o aluno chegar nesse estágio, como aumentar a capacitação dos professores para lidar com estudantes com maiores dificuldades, ou então implementar medidas de reforço ao longo do ano. Isso garantiria melhores resultados, não apenas para o aluno com risco de reprovação, mas para todo o sistema escolar.

Concluo esta série de artigos agradecendo os leitores que enviaram perguntas e comentários, colaborando para aumentar o debate sobre um tema tão caro ao país.

Seguirei na próxima semana comentando os temas que estão em debate no mundo da Educação, sempre com base no que mostram as evidências. Se você quiser sugerir um tema para essa coluna, deixe um comentário.

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