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O que é fato e ficção em filmes e séries baseados em casos reais
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A Família Manson pelos olhos de Tarantino: diálogo entre real e ficção

Nono filme do diretor reinventa despudoradamente o final do assassinato de Sharon Tate - mas o faz sendo incrivelmente fiel a detalhes factuais do episódio

Por Ana Carolina Avólio Atualizado em 20 jul 2020, 18h37 - Publicado em 4 set 2019, 16h55

Quando o assunto é Tarantino, uma das palavras que vêm à cabeça é “imaginação”. Mas, no caso de Era Uma Vez.. em Hollywood, seu nono filme que está atualmente em cartaz no país, a imaginação não é suficiente para explicar a sagacidade da trama. Um dos méritos do longa está justamente na fluidez com que o enredo divaga entre lances reais e ficção para reinventar a história de um episódio macabro dos anos 60 – o assassinato da atriz Sharon Tate e de mais quatro pessoas, em 1969, pelos seguidores da seita hippie de Charles Manson. Apesar de Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e Cliff Booth (Brad Pitt) serem personagens fictícios, seu mundo colide diversas vezes com o real: seja pelas personalidades que surgem no longa, como Bruce Lee (Mike Moh) e Steve McQueen (Damian Lewis), seja pelos acontecimentos que cercam a ascensão de Manson e sua seita.

Os assassinatos da Família Manson entraram para a história como o fim das ilusões da era flower power. Caminhando entre licenças poéticas e fatos precisos, o retrato da seita no filme encontra notável respaldo no que se sabe sobre seus bastidores – ainda que, por opção, Tarantino tenha dado o mínimo relevo possível à figura abjeta de Manson . Se você já viu o filme ou não se importa em saber spoilers, confira abaixo o que é ficção e o que é verdade em Era Uma Vez… em Hollywood:

O destino de Sharon Tate

Sharon-Tate
(Sony Pictures/Divulgação)

A maior licença poética do longa com certeza é o evento que originou seu título – afinal, apenas na imaginação do diretor (ou em um conto de fadas). No filme, os malucos invadem a casa vizinha a de Sharon Tate e ela é poupada das mãos da Família Manson. A história real é bem mais cruel: em 9 de agosto de 1969, a atriz, grávida de oito meses e meio, foi assassinada a facadas em sua casa, onde também estavam Jay Sebring, seu ex-namorado, a socialite Abigail Folger e Wojciech Frykowski, namorado de Abigail – todos também foram mortos, a tiros ou facadas. Além disso, Steven Parent, amigo do caseiro que ali trabalhava, foi morto no momento em que o grupo invadiu o local. Pelo assassinato dos cinco (e de mais um casal, no dia seguinte), Charles Manson, “Tex” Watson (Austin Butler), Susan Atkins (Mikey Madison) e Patricia Krenwinkel (Madisen Beaty) foram condenados à prisão perpétua. Manson morreu cumprindo pena em 2017, assim como Susan, em 2009. “Tex” e Patricia continuam presos.

Os assassinos

Assassinos
(Sony Pictures/Divulgação)
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Apesar dos recursos criativos, o filme de Tarantino aborda as circunstâncias a seu redor com razoável fidelidade. No caso dos criminosos responsáveis por invadir a casa de Rick Dalton, três personagens são verídicos: “Tex” Watson, Susan Atkins/Sadie e Patricia Krenwinkel/Katie. Já Flower Child (Maya Hawke) é uma personagem que saiu da imaginação tarantinesca. No entanto, pode-se assumir que foi baseada em Linda Kasabian, integrante da seita que acompanhou o grupo naquela noite e foi responsável por vigiar os arredores e dirigir o carro na fuga. Já que Linda atuou como cúmplice e não chegou a machucar as vítimas, as autoridades lhe ofereceram imunidade judicial. Ela acabou sendo a principal testemunha ocular nos julgamentos dos assassinos e de Manson.

A motivação

Motivação
(Sony Pictures/Divulgação)

“Charlie disse para entrar na casa antiga de Terry e matar todo mundo”, anuncia uma das criminosas momentos antes das cenas finais. No entanto, a intenção de Manson ao encomendar a morte do produtor musical Terry Melcher – que ocupava anteriormente a casa de Sharon Tate, que seria morta no local  – ia muito além da vingança por não ter conseguido assinar um contrato musical. Na verdade, o líder do grupo também pretendia começar uma guerra racial, inspirado pela letra da canção Helter Skelter, dos Beatles. Na sua visão, a música abordava um conflito iminente em que os negros derrotariam os brancos e ele surgiria como o grande messias americano. Como o estopim da guerra não havia acontecido no tempo previsto, Manson decidiu que uma série de crimes contra pessoas brancas daria o empurrão inicial para que o ódio tomasse conta da nação e o conflito explodisse.

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Rancho Spahn

A Família Manson pelos olhos de Tarantino: diálogo entre real e ficção
(Sony Pictures/Divulgação)

O antigo set de filmagens de faroestes de baixo orçamento, localizado na periferia de Los Angeles, realmente foi a casa da Família Manson a partir de 1968. Para sobreviver, o grupo oferecia passeios a cavalo, cometia furtos e procurava comida em latas de lixo, tal como retratado no longa. O local ficou conhecido por ser palco de grandes orgias patrocinadas por Manson, e logo começou a atrair gangues que procuravam sexo com as garotas da comunidade. A propriedade foi atingida por um incêndio em 1970 e, atualmente, pertence ao estado da Califórnia.

“Colonização”

Squeaky

Uma das cenas mais perturbadoras é quando Cliff Booth encontra o rancho dominado pela seita de Manson e insiste em saber sobre George Spahn (Bruce Dern), seu amigo e dono do terreno. Apesar do clima tenso, a verdade revelada a Booth é um pouco melhor do que ele imaginava: George não estava morto, mas, tal como informado, estava tirando um cochilo. No entanto, também é verdade que Lynette Fromme (Dakota Fanning), mais conhecida como Squeaky no bando, foi a encarregada de cuidar da casa do já idoso Spahn e manter relações sexuais com ele para assegurar uma moradia para a comunidade. Em entrevista ao canal americano ABC, em abril deste ano, Lynette afirmou que ainda é apaixonada por Charles Manson. “Eu estava apaixonada pelo Charlie? Sim, sim, sim. Eu ainda estou, ainda estou. Eu não acho que você possa se desapaixonar”, confessou. Apesar de não ter participado da morte de Sharon Tate, ela foi condenada à prisão perpétua pela tentativa de assassinato do presidente Gerald Ford, em 1975. Depois de cumprir 34 anos de prisão, foi libertada por boa conduta em agosto de 2009.

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