Como o Partido Democrata, que era pró-escravidão, virou o preferido dos negros?
Na Guerra Civil dos Estados Unidos (1861-1865), os fazendeiros escravocratas dos estados do Sul eram filiados ao Partido Democrata e lutaram contra os republicanos do Norte, capitaneados pelo abolicionista Abraham Lincoln. Logo após o conflito, foi fundada a Ku Klux Khan, KKK, no Tenessee. Essa organização racista tinha entre os seus líderes vários políticos democratas, a ponto de ter sido […]
Na Guerra Civil dos Estados Unidos (1861-1865), os fazendeiros escravocratas dos estados do Sul eram filiados ao Partido Democrata e lutaram contra os republicanos do Norte, capitaneados pelo abolicionista Abraham Lincoln.
Logo após o conflito, foi fundada a Ku Klux Khan, KKK, no Tenessee. Essa organização racista tinha entre os seus líderes vários políticos democratas, a ponto de ter sido considerada um braço armado do partido. Entre suas vítimas estavam muitos republicanos, brancos e negros.
Hoje os dois lados se inverteram. Hillary Clinton, a pré-candidata democrata, levou quase todos os votos negros nesta Super Terça. Barak Obama, o presidente negro (ainda que de mãe branca) é democrata. E Donald Trump, o pré-candidato republicano, evitou condenar o apoio de um líder da KKK, David Duke.
Como essa reviravolta aconteceu?
A primeira migração dos eleitores negros para o terreno democrata se deu durante o governo de Harry Truman (1945-1953). Democrata, ele baixou decretos contra a segregação nas forças armadas e no funcionalismo público e discursou contra a segregação racial.
A segunda onda, bem mais intensa, veio nos anos 1960, na sequência dos protestos contra as leis estaduais que separavam negros e brancos em lugares públicos e escolas. Após o assassinato do pastor batista Martin Luther King, a mais contundente voz desse movimento, quem tomou a dianteira foi o pastor democrata Jesse Jackson, seu colega.
Enquanto Luther King pregava a igualdade de todos os americanos, Jackson ressaltava as diferenças e fez campanha pelas políticas multiculturalistas de ação afirmativa, como as cotas raciais. Medidas desse tipo já estavam sendo implementadas pelo presidente republicano Richard Nixon, mas os democratas foram eficientes em roubar a paternidade da coisa. “Quando Nixon, com o Plano Filadélfia, tentou recuperar o espaço perdido pelos republicanos entre os negros, os democratas abraçaram as políticas de ação afirmativa e passaram a reclamar o estatuto de pioneiros”, escreve Demétrio Magnoli no livro Uma Gota de Sangue (Contexto).
O apoio do presidente democrata Bill Clinton às políticas de preferências raciais nos anos 1990 e a eleição de Barack Obama em 2008, com mais de 80% dos votos dos negros, sedimentou a transição do voto negro para o campo democrata.
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