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Dora Kramer

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Poder, seja lá como for

A ideia do “centro” é controlar o Congresso e manter tudo como está

Por Dora Kramer Atualizado em 4 jun 2024, 17h17 - Publicado em 18 Maio 2018, 06h00

O truque é antigo mas ainda funciona: o partido faz profissão de fé na candidatura própria, lança um nome e fica ali (“comendo umas goiabas”, na definição de uma amiga para compasso de espera) rondando a mesa de negociações, no aguardo da abertura dos trabalhos de cooptação.

O PMDB faz isso há 24 anos, com sucesso. Perdeu feio as duas primeiras eleições presidenciais pós-redemocratização (não obteve nem 5% dos votos em ambas), mas esteve no domínio do Congresso, com bancadas substantivas e ocupação de postos-chave, entre os quais a presidência das duas casas legislativas, e consequentemente no controle de todos os governos de lá para cá. Algumas vezes nos bastidores; outras em cena aberta no palco.

A manobra se repete agora em versão ampliada, quando praticamente todas as legendas enquadradas no campo do chamado centro à direita se preparam para formar um grande bloco a fim de se manter no poder à revelia da demanda da sociedade por renovação na política e independentemente de quem venha a ser presidente. A ideia óbvia é fazer do(a) eleito(a) refém da dita governabilidade e manter as coisas como sempre foram.

Todas as pré-candidaturas, assim chamadas ao modo de eufemismo, no DEM, PP, PR, PRB, PTB, PSD, Solidariedade e companhia, cairão daqui até meados de junho, quando começa a expirar o prazo (final em 15 de julho) para a definição das candidaturas de fato. Talvez a exceção seja justamente o MDB, agora devidamente autorizado a retomar a antiga sigla.

O presidente Michel Temer já assumiu a condição de factoide-mor da estação e recuou, mas Henrique Meirelles pode ser mantido no páreo do primeiro turno por honra (?) da firma. Além de não impedir negociações outras, o ex-ministro da Fazenda financia a campanha com dinheiro próprio e, assim, não dá despesa ao partido. Concorreria como uma espécie de “café com leite” de luxo. Tudo depende do andamento das tratativas.

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O antenado leitor e a atenta leitora perguntariam se não seria mais vantagem fazer esse leilão de cacifes concorrendo todos no primeiro turno. São precavidos nossos rapazes e moças da política: dados a dispersão partidária e o mau humor do eleitor, seria correr o risco de ficar de fora do segundo turno. Não que isso impedisse uma composição com alguém do campo adversário, que estaria, de qualquer forma, submetido aos ditames da maioria parlamentar, digamos, centrista. Mas daria mais trabalho, e esse pessoal sempre prefere ir direto ao ponto.

Nesse quadro estaria, então, decidido que, a despeito das mudanças nos procedimentos de fiscalização e no anseio da população, não haveria saída, ficaria tudo como está após as eleições? Numa leitura feita entre o pessimismo e o realismo, provavelmente sim.

Não custa, contudo, ser otimista e acreditar que, a partir da identificação desse tipo de operação engendrado pelas forças do atraso, seja possível que os interessados no avanço trabalhem para mostrar ao eleitorado que há como furar o cerco. Com o exercício do melhor voto para o Parlamento, sem prejuízo do olho vivo no que tange à Presidência.

Publicado em VEJA de 23 de maio de 2018, edição nº 2583

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