
A CPI da Covid chega à sua terceira semana de trabalho e, a despeito de ser a seu favor a realidade que comprova ações deletérias e omissões no governo na gestão da pandemia, enfrenta alguns obstáculos que precisam ser contornados sob o risco de a comissão se transformar num espetáculo de pouco efeito prático.
O principal deles é o festival de mentiras que assola os depoimentos de gente ligada ao Planalto. A CPI vai precisar achar um jeito de lidar com esse problema, já que as ameaças de prisões foram consideradas como ineficazes. Apenas apontar que esse ou aquele depoente mente, não contribui concretamente para o avanço das investigações.
O outro entrave diz respeito ao Supremo Tribunal Federal e a concessão de habeas corpus. O instrumento é legal assim como é garantido o direito do convocado de recorrer a ele. Mas, no caso de Eduardo Pazuello, ficou demonstrado que o HC pode também servir de salvaguarda para a mentira.
Por fim, há a qualidade dos interrogatórios ora pautados em desnecessária agressividade ora conduzidos com excessiva passividade. Isso se vê no açodamento dos senadores em fazer o maior número de perguntas possível sem dar atenção às contradições dos depoentes. Junto a isso há o ego de suas excelências que muitas vezes preferem discursos contundentes para garantir espaço nos noticiários de televisão, em detrimento dos questionamentos que, estes si, podem levar ao desvendamento dos fatos, razão de ser da CPI.
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