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Coluna da Lucilia

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Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação

Fora da ordem

Receitas devem ser seguidas até nos levarem a um prato, ou destino, gostoso.

Por Lucília Diniz
15 abr 2021, 16h15

Poderia um prato culinário representar um país? Oitenta centímetros de comprimento, de seis a sete centímetros de largura e peso entre 250 e 300 gramas dizem que sim. Sem esquecer a casquinha crocante, e o miolo macio e elástico. Estas são as características que deve ter uma autêntica baguete, hoje representante da França para o registro de patrimônio cultural imaterial da Unesco, se assim quiser ser chamada.

Chegar a estas medidas não foi algo fácil. Se você pensou em uma avó passando a receita para a netinha em algum arrondissement de Paris, enganou-se. Este foi o motivo principal da Revolução Francesa.

A verdade é que a tomada da Bastilha foi mais um pedido de pão do que uma revolta contra a coroa. Este era o alimento principal no país. Sua escassez levou a uma série de tumultos, conhecidos como “la guerre des farines”. A rainha não entendeu, e sugeriu brioche. Dias depois, Maria Antonieta conheceu a guilhotina.

Como primeira medida do novo governo, todos passaram a comer o mesmo tipo de pão: o “pão da igualdade”. Nascia assim a baguete, em formato comprido e fino, feita com farinha branca e à base de levedura de cerveja. E dimensões estabelecidas como justas.

Bem, eu não pensei assim. Ao menos quando conheci o alimento, em meus primeiros passeios pela Champs-Élysées. Afinal, você já comeu uma baguete francesa na França?

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Eu era outra, confesso, com 60 quilos a mais. E, também admito, enlouqueci. Foi quando cruzei as portas de uma loja da rede Pomme de Pain e comi uma baguete com queijo emmental derretido.

Sem me importar com regras, eu só queria mais daquilo. E pensei como seria bom com o dobro de queijo. Mas, em todas as vezes que tentei fazer o pedido desta forma, quase provoquei outra revolução! Afinal, quem era eu para alterar o preparo de uma baguete?

Outros povos têm as mesmas reações. Imagine em plena Ligúria pedir um espaguete a pomodoro feito com fusili. Em Tóquio, experimente pedir mais wasabi. Os olhos se arregalam ao ver a quantidade que colocamos na comida quando viajamos por lá. Nunca pensamos o quanto uma inocente alteração no pedido em um restaurante no exterior pode causar um incidente diplomático, ao ofender culturas exógenas.

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Imagino que, por sermos filhos de um país de pouco mais de 500 anos, onde foram reunidas diferentes origens, podemos ter um relaxamento quanto à rigidez das receitas. Até das minhas! Há quem ponha coentro, folhas de louro ou colorau em tudo, de cozidos a uma lasanha, e siga sendo feliz por toda a vida. Realmente, o conflito não pode vir daí.

Nem deve haver conflito! Atualmente, as regras que devemos seguir são poucas. Dizem respeito a usar máscara, de preferência com camada tripla, manter distanciamento, passar álcool em gel nas mãos, e lavá-las sempre por mais de 20 segundos. Sem deixar de se vacinar quando for chegada a sua vez na fila, obviamente.

Seguindo à risca tão poucas orientações, logo poderemos viajar novamente. E, aonde formos, provar os pratos como manda a tradição do local. Ou não.

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