Depois de meses consecutivos de calor, o brasileiro esperava por um clima mais fresco nesse outono, que não veio ainda, nem virá tão cedo. As altas temperaturas devem persistir até o fim da estação. Em grande parte do país, o tempo permanece mais seco e quente do que o padrão da época. Na capital paulista, por exemplo, nesta quinta-feira, 13, a máxima chegou a 27°, menos do que em Porto Alegre, que registrou 30°. Picos de calor são comuns no outono, o que foge mesmo do padrão é a alta frequência de dias quentes, uma espécie de veranico que continua até o fim da próxima semana, em toda região Sudeste, Centro-Oeste e boa parte do Norte.
A intensidade e frequência desses períodos chamam a atenção dos especialistas. “Isso é o reflexo do aquecimento global”, diz o meteorologista Fábio Luengo, da Climatempo. O calor não é mais consequência direta do El Niño, fenômeno responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que enlouqueceu o clima mundial no ano passado.
Bloqueio das ondas frias
“Ao contrário do mês passado, quando as ondas frias entravam pelo sul do país e estacionavam no estado gaúcho, agora elas desviam direto para o Uruguai e Argentina, saindo pelo mar”, diz Desirée Brandt, sócia diretora da Nottus, agência de meteorologia. Isso explica o calor de Porto Alegre nesta quinta-feira. Somado a isso, a permanência do ar quente e seco provocam um bloqueio cada vez maior do ar polar que vem na esteira da onda fria.
Calor continua do próximo semestre
Havia expectativas de meses mais frios principalmente a partir do momento em que as agências do clima anunciaram que depois de tanto calor provocado pelo El Niño, estava a caminho o La Niña, que esfria as águas do Pacífico. Esperado para o segundo semestre, provavelmente agosto, o evento só vai causar mudanças do clima a partir de novembro. Portanto, as temperaturas tendem a continuar acima da média. Para ter uma ideia de quanto acima, na cidade de São Paulo as máximas estão em média até 5° mais altas.