Terra registra o dia mais quente da história
Situação é particularmente grave na América do Norte, onde os termômetros vem cravando 50°C, na Europa e na Ásia
De acordo com dados divulgados pelo Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos, a última segunda-feira, 3 de julho, foi o dia mais quente da história registrado em escala global.
Segundo a análise, a temperatura média planetária atingiu 17,01°C. No recorde anterior, de agosto de 2016, a média do globo havia sido de 16,92°C.
Especialistas atribuíram a escalada dos termômetros à combinação dois fenômenos: as mudanças climáticas induzidas pelo homem e ao retorno do El Niño.
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Resultado do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o El Niño ocorre em período de dois a sete anos devido e é conhecido por provocar temperaturas mais altas em todo o mundo.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU a afirma que, devido à atividade humana, a temperatura da superfície global da Terra aumentou 1,1°C em comparação com o período de 1850 a 1900.
Não é coincidência, portanto, que os últimos oito anos tenham sido os mais quentes na história dos registros.
Neste início de verão no Hemisfério Norte, países da Europa, Oceania, América do Norte e Ásia vêm sofrendo com temperaturas recordes e ondas de calor sem precedentes.
Nos Estados Unidos, mais de 120 milhões estão sob alerta diante de uma brutal onda de calor, que teve início há três semanas e não dá sinais de refresco.
Os estados do Texas, Novo México, Louisiana, Arkansas, Kansas e Missouri são os mais afetados e estão sob o que meteorologistas denominam como cúpula de calor.
Trata-se de um fenômeno que impede a circulação de ar e a chegada de frentes frias.
A situação é particularmente grave no Texas, onde a umidade elevou a sensação térmica a níveis inacreditáveis nas cidades de Corpus Christ (51°C), Rio Grande Village (47°C) e Del Rio (46°C).
Em Houston, uma das principais metrópoles do estado, onde vivem três milhões de pessoas, o asfalto rachou diante do calor extremo.
No norte do país, o problema é outro a fumaça dos incêndios no Canadá.
Diante da pior temporada de queimadas já registrada nas florestas boreais canadenses, a fumaça tóxica tem atingido diretamente metrópoles como Nova York, Chicago e Washington.
Nas últimas semanas, as cidades amargaram os piores índices de poluição atmosférica do planeta.
A loucura nos termômetros não se restringe à América do Norte.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, em junho as temperaturas médias globais da superfície foram as mais altas da história para esse período do ano.
A entidade divulgou ainda que as temperaturas da superfície do mar atingiram novo recorde em maio pelo segundo mês consecutivo. E que em junho cravaram níveis sem precedentes para o mês.
Esse aquecimento geral se reflete na canícula que castiga a Índia e já provocou ao menos 100 mortes.
Em Mumbai, maior metrópole do país, com 21 milhões de habitantes, enfrenta-se 40°C diariamente desde meados de junho.
Climatologistas indianos também relacionam o que está acontecendo com o aquecimento global.
De acordo com pesquisas da ONU, o efeito estufa fez com que ondas avassaladoras como a atual sejam 30 vezes mais prováveis de acontecer graças às mudanças no clima.
Mais espantoso ainda é o calorão que se abate sobre o vizinho Nepal.
Em geral com clima mais ameno graças à grande altitude da Cordilheira do Himalaia, que atravessa a pequena nação asiática, os nepalenses têm enfrentado níveis potencialmente mortais de calor.
Em Janakpur, fez 43°C e em Chushot Yogma, a 3.200 metros acima do nível do mar, 36°C, a mais alta temperatura já registrada nessa altitude em todo o planeta.
O verão inclemente também se abate sobre a China. Em Xangai, epicentro econômico, o mês de maio foi considerado o mais quente em 100 anos.
E a capital, Pequim, teve na quinta (29) o dia mais quente de sua história, com as aferições registrando 42°C.
A onda afeta ainda Tailândia, Camboja, Laos e Filipinas.