Agosto foi um mês crítico. Com exceção do sul do país, predominaram temperaturas mais elevadas e umidade no ar menor que o normal para o inverno. As condições climáticas ajudaram bastante na propagação das queimadas no Brasil, que atingiram severamente dois biomas importantes, Amazônia e Pantanal, e mais recentemente o interior do estado de São Paulo. A notícia é que setembro não trará refresco. O mês começa com uma onda de calor excepcional, sinalizando que a Primavera meteorológica (baseada na temperatura) já começou e não vai acompanhar a astronômica (definida pela posição do sol em relação a Terra), marcada para dia 22. Esse massa de ar quente vai, segundo a MetSul Meteorologia, prevalecer toda a primeira metade do mês no país, com temperaturas de 40°C e 45°C , em uma extensão territorial que fará deste mês o mais quente da história.
Os termômetros, em média, devem marcar até 2°C acima em quase todo o país e a baixa precipitação continua presente, impedindo muitas vezes que ondas mais frias de ar entrem nos estados. As condições continuam propícias para as queimadas. “Setembro começa com a memória climática dos últimos três meses, que teve temperaturas acima da média”, diz Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). “As primeiras semanas são de transição e devem bater recordes de calor em quase todo o território.”
Temperatura elevada nos oceanos aquece continentes
Outra influência importante vem dos oceanos, que estão mais quentes, mesmo sem El Niño, fenômeno que acontece a cada sete anos, que esquenta as águas do Pacífico, que agora está na sua fase neutra. Para este mês era esperado o La Niña, evento climático inverso, que esfria as águas. “Mas não há nem sinal dele. E se vier até o fim do ano, será fraco”, diz Barbosa. Além disso, o calor dos oceanos vai sendo transferido para os continentes, o que ajuda ainda mais na configuração de um mês quente.
Queimada pode se estender para Matopiba
A maior preocupação dos analistas é a situação das queimadas na Amazônia. O fogo deve migrar do sul do território para o leste, em direção à região de Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins. “Ali, a caatinga já começou a queimar, o que em geral só acontece em novembro”, diz Babosa. Caso haja alastramento do fogo no Piauí e Maranhão, tem risco de problemas energéticos.