A Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no Amazonas, possui 74 aldeias, que dependem do transporte fluvial para circular tanto entre as comunidades como para chegar às cidades mais próximas. Mas com a seca extrema desse ano, até as atividades mais simples do cotidiano ficaram prejudicadas. A população está sem água potável e por isso o número de doentes aumentam sem, no entanto, contarem com auxílio médico necessário. Com a baixa dos rios, os indígenas não conseguem circular com os barcos e muito menos alcançar um posto médico.
A União dos Povos Indígenas do Vale Javari (Univaja) fez um alerta nesta quarta-feira, 2, e pediu providências do governo federal. Entre as solicitações mais urgentes, um helicóptero para retirar os doentes graves, como um homem que precisa de soro antiofídico. Também há notícias de crianças com quadro de desidratação, com sintomas de vômito e diarreia. Assim que os rios ficaram intransitáveis, a entidade se reuniu com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas e com a Secretaria de Saúde Indígena para avaliar as condições e buscar soluções, que ainda não vieram. Por isso, a Univaja cobrou uma ação urgente do governo, por meio de um comunicado oficial.
A complicada vida no Vale do Javari
Segunda maior terra indígena do Brasil, a Terra Indígena do Vale do Javari está localizada na fronteira com o Peru e a Colômbia, nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará. Com 8,5 milhões de hectares, é uma região de difícil acesso e pouca fiscalização, que sofre com a violência do garimpo ilegal e da grilagem de terras. Foi nesse cenário que ocorreu o assassinato de projeção internacional do indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, que revelou o grau de tensão da região. Os índios são as maiores vítimas tanto do garimpo ilegal, que leva a contaminação das águas e dos peixes, principal alimento da população, como do tráfico ilegal de drogas e de peixes. Homologada em 2001, a Terra Indígena reúne o maior número de povos que se isolaram voluntariamente para manter a cultura preservada. Das 75 aldeias, 25 vivem apartadas da sociedade.
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