Responsável por movimentar 291 bilhões de reais anualmente e empregar quase 7% da força de trabalho do país, o setor de eventos e festivais produz impactos notórios sobre o meio ambiente.
O mais evidente deles é a produção de lixo, calculada sempre em toneladas, que costuma ser deixada esparramada pelo chão uma vez que a festa se encerra.
Mas há outras consequências, tão graves quanto os resíduos abandonados pela multidão. E que agora são alvo de uma série de estratégias por parte de organizadores e das marcas envolvidas para que sejam reduzidos.
O impacto gerado pelos festivais começa pelo elevadíssimo consumo de eletricidade. Para piorar, não raro esses eventos acontecem em áreas distantes, onde não há conexão com a rede elétrica tradicional.
Como resultado, os organizadores optam pelo uso de geradores para manter sua infraestrutura.
Trata-se de uma péssima opção, já que esses aparelhos funcionam com combustíveis fósseis, jogando na atmosfera toneladas de dióxido de carbono (CO2), principal causa das mudanças climáticas.
Só no Reino Unido, país onde festivais de música são tradicionais, os festivais queimam anualmente 12 milhões de litros de diesel, segundo aponta um levantamento feito pela consultoria de sustentabilidade Greener Future.
No Rock in Rio, que acontece neste mês de setembro no Rio de Janeiro, o consumo de energia foi reduzido no camarote da Heineken através de medidas relativamente simples.
Todas as ações da marca no evento serão abastecidas com energia renovável, proveniente de fontes limpas, como solar e eólica. A iniciativa é feita em parceria com a Raízen, que fará a certificação dessa energia.
A Heineken vai utilizar um caminhão elétrico batizado de Solar Station. O veículo tem um banco de baterias recarregáveis através de energia solar, podendo ser empregada em qualquer grande evento.
O uso de baterias já é uma realidade no exterior. Em agosto, o palco principal do Lollapalooza, em Chicago, foi inteiramente alimentado por baterias recarregáveis.
A energia limpa reduziu em quase 70% o uso de combustível e a emissão de gases do efeito estufa durante o evento, com relação aos anos anteriores.
O Lolla informou que isso equivale à uma redução de emissões em 26 toneladas métricas de CO2, o que equivale ao consumo de cinco casas durante um ano.
Já o Glastonbury, na Inglaterra, utilizou em sua última edição uma turbina eólica de 20 metros de altura para abastecer barracas de acampamento e mercados montados para a festa.
A turbina, juntamente com painéis solares e baterias, abasteceu uma pequena rede com eletricidade suficiente para manter em funcionamento cerca de 300 geladeiras por dia.
Já o Mysteryland, evento de música eletrônica que ocorre na Holanda e atrai 130.000 foliões a cada edição optou por multiplicar a quantidade de placas solares para se tornar menos dependente dos combustíveis fósseis.
Em 2024, os organizadores anunciaram que mais de 80% de sua energia já é produzida pelos painéis solares instalados numa fazenda próxima.
Além disso, o festival instalou uma rede de cabeamento para conectar sua área à rede nacional, eliminando o uso de geradores.