Níveis de gelo marinho atingem novo recorde mínimo global
Medições por satélite mostram que a cobertura de gelo nos polos caiu a um nível inédito em fevereiro alterando padrões climáticos e oceânicos

A extensão global do gelo marinho atingiu um recorde mínimo histórico para o mês de fevereiro, segundo dados do Copernicus Climate Change Service (C3S), programa europeu que monitora as variações climáticas por meio de satélites, estações meteorológicas e sensores oceânicos. A redução foi observada tanto no Ártico, onde o gelo está próximo do seu pico anual, quanto na Antártica, que costuma atingir sua menor cobertura nessa época do ano.
O monitoramento mostra que o gelo do Ártico ficou 8% abaixo da média histórica para o mês, enquanto na Antártica a cobertura foi 26% menor do que o esperado. Desde o início das medições por satélite, em 1979, não houve um fevereiro com menos gelo no planeta.
O que explica a redução do gelo marinho?
O derretimento acelerado da cobertura de gelo marinho está ligado às temperaturas globais acima da média. Em fevereiro de 2025, a temperatura média da Terra ficou 1,59°C acima do nível pré-industrial, segundo o C3S. Esse valor coloca o mês entre os mais quentes já registrados e segue uma tendência observada nos últimos dois anos.
No Ártico, a perda de gelo vem ocorrendo de forma contínua e atingiu um novo patamar. O impacto do calor acumulado no oceano impediu que a cobertura de gelo se expandisse normalmente nos últimos meses, mantendo a região abaixo dos níveis históricos. Na Antártica, a retração da camada de gelo tem sido ainda mais drástica. Após uma breve recuperação no final de 2024, o gelo voltou a derreter rapidamente, refletindo o aumento da temperatura e a instabilidade climática na região.
O que acontece quando o gelo dos polos derrete?
O gelo marinho tem um papel essencial no equilíbrio térmico do planeta. A superfície congelada reflete grande parte da luz solar, ajudando a regular a temperatura global. Com a diminuição da cobertura, mais calor é absorvido pelos oceanos, o que pode intensificar o aquecimento global.
Outro impacto direto está na circulação das correntes oceânicas, um sistema que transporta calor pelo planeta e influencia padrões climáticos. A formação de gelo nos polos contribui para esse mecanismo, e sua redução pode causar mudanças nas correntes marítimas, aumentando a ocorrência de eventos climáticos extremos.